I Concurso Literário Benfazeja

Selecta Sacra

O Êxtase de Santa Teresa - Bernini


"Selecta Sacra" de Rommel Werneck



TRIUNFAI, REDENTOR!


Ave, Cristo ascendendo ao grande céu!
Ave adorada neste movimento,
Vós que viveis no Santo Sacramento,
Adornado sejais de manto e véu.



Triunfai, Redentor, ó na Ascensão!
Cordeiro sacrossanto imaculado
Triunfai, Redentor, ó Coração!
Homem das Dores, ó Crucificado!


Nebulosa de cores e de brilho,
Eis o elixir do Rei, sangue de amor,
Manjar supremo, carne que nos salva!


Triunfai, Redentor ó belo Filho!
Sois a água mais eterna, a luz mais alva!
Triunfai, Triunfai, ó Redentor!                                                                                                                                                                                        




DOR
                             Inspirado na Pietà de El Greco


Na face serena toca a dor também,
Enquanto cintila assim natividade.
Num perfeito quadro está a mortalidade
De um homem por nós morto como ninguém!


Em Maria semimorta a vida plange
A coroa de espinhos desce e se destaca,
Madalena, aos pés de Cristo, em gritos, range...
Porém o que impera: a morte dele opaca.


Seja a morte símbolo de nossa fé!
Na Ressurreição, revive a luz serena
Enquanto a dor forte na cruz nos acena...


A morte tomemos como doce irmã,
Porque levantar mesmo a cada manhã
É seguir a cruz por onde ela estiver.




À DIVINA PROVIDÊNCIA


São Rafael, guia-me por esta estrada,
Não quero seguir só, preciso de alguém!
Os meus tristes olhos não veem mais nada,
Pois a escuridão converteu-me em desdém.


Ó Pai Protetor, leva-me à minha amada,
Não posso e nem quero ficar sem ninguém!
Abençoa o meu pai e minha mãe agoniada
Pra que com esmolas eu bendiga: Amém!


Pelo sacramento do bom matrimônio,
Mostra-nos a vida e sua Florescência,
Curando-nos sempre e vencendo o demônio!


Tu és o Senhor bendito das nações,
Acreditarei sempre na Providência,
Com jejuns, esmolas e mais orações!



COMO TE CONTEMPLO!



Ah! Como eu te admiro! Como te contemplo!
Tu disseste sim ao nosso Deus Senhor.
Foste tu o belíssimo e sublime templo,
Em que foi gerado o Filho Salvador!


Quero seguir tuas frases e teu exemplo!
Eis aqui o menor servo do Redentor...
Ah! Como eu te admiro! Como te contemplo!
Minha alma engrandece ao Deus do grande amor...


Eu, que nem o amor de meus próximos tive,
Descobri um amável pai chamado Deus
E que minha Mãe Santíssima em mim vive...


Jesus, seguirei pra sempre os passos teus,
Pela obediência, pobreza e pureza,
Pra viver na mais triunfante nobreza!



O LÍRIO DA GUERRA
Em agradecimento...


Por igrejas, bosques e rotas da França,
Desfilava o lírio da guerra, a guerreira
Que lutou e morreu por uma nação inteira,
Que no Cristo teve tanta fé e esperança!


A vida que tem também faces ferozes
Revelou-te a palma do santo martírio.
Aclamada sê, ó luminoso círio!
Aclamadas sejam aquelas mil vozes!


Para as bandeirantes, bela intercessora
Junto a Cristo, a quem tiveste mui fervor.
Para nós, cristãos, honrável professora!

Flamejante vítima da Inquisição,
Morreste sem medo, por adoração.
Porque não tem medo quem crê no Senhor!





CRUZ INVERTIDA



Oh! Cruz Invertida! Morre o Pedro Papa!
Na cruz, carne, já nos céus, as belas chaves...
Sangue derramado, martírios tão graves,
E César vestido de púrpura capa!



Ressoarão pelos milhões de conclaves
A imagem de mártires formando um tapa...
Oh! Cruz Invertida! Nem São Pedro escapa
De brilhar nos grandes vitrais, portais, naves!



Oh! Cruz Invertida! Flechados! Grelhados!
Queimados! Feridos e crucificados!
Oh! Cruz Invertida! São Pedro prefere


A entrega ao madeiro gris que muito o fere!
Oh! Cruz Invertida? Não! É a mesma cruz
                                            Que morreu o Senhor, o Altíssimo Jesus.                      
                                     
                                             





CONTEMPLATIVO


Num lugar espectral reza um cartuxo,
Em silêncio sublime lá na cela...
Uma imagem tão simples e sem luxo:
Contemplar a Palavra santa e bela!


Entoa um canto nosso irmão capucho,
Irradiando a gélida capela...
Ícone que recrio e que o repuxo
Num soneto sem dor ou vil querela!


Os livros que viraram seu sacrário...
Segue lendo sonhando solitário,
Talvez tenha um passado assim lascivo...      


Contudo fica ali contemplativo,
Sem remorso ou sutil medo infortuno
O monge simples da Ordem de São Bruno.
                                                          


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