Betinha
Conto, por Cláudia Banegas.
"Desde a morte do marido, Betinha nunca mais tinha sido feliz com homem algum."
Ao som de "Sentimental", de Altemar Dutra, Betinha encosta a cabeça no peito de Joaquim, enquanto dançam no baile da terceira idade. Estava sendo difícil para ela encarar que a velhice chegara para ficar e que o tempo em que podia curtir a vida como queria parecia que não teria fim. Agora, seus filhos e seus netos exigiam dela uma postura mais sóbria, mais recatada, afinal de contas, ela já era uma senhora.
Ao fim da música, ela pede licença e vai para uma sacada, fumar. O ar frio da noite faz com que sua echarpe se desenrole do pescoço, levando a fumaça do cigarro para longe a cada tragada.
Não era feliz, definitivamente. Desde a morte do marido, Betinha nunca mais tinha sido feliz com homem algum. Não foi por falta de tentativas, ela tentou! Deus sabe o quanto ela tentou! Mas ninguém se comparava ao Carlos. Ele era especial, único...
"Pra que chorar, pra que sofrer demais...? Foi só um amor perdido, foi só um amor a mais, pra que? Pra que chorar?"
Uma nova canção enche o recinto.
"...meu coração bate feliz demais..."
Com certeza, não era o dela.
"...você fugindo de você e de mim... minha serpente era o meu sonho ruim, mesmo chorando eu não vou mais chorar, pra que sofrer, pra que chorar?"
Não adiantava conter o choro. Ele vinha como uma onda do mar que vem com força se quebrar na areia. Frustrações, boas e más lembranças vieram à memória...o nascimento dos filhos, dos netos... a perda do marido tão amado...
"...navegar é preciso, viver não é preciso..."
Enxugando o rosto com uma das mãos, voltou para dentro do salão, onde Joaquim a esperava com uma gelada nas mãos. O sorriso dele era gentil e amornava seu coração. Será que depois de tanto tempo haveria ainda uma centelha de vida em seu corpo murcho e ressequido? Ousaria tentar amar outra vez? Por que não? Por que não tentar?
E lá se foi Betinha nos braços de Joaquim, para mais uma rodada de dança. Naquela noite, rodou a tristeza.
Ao fim da música, ela pede licença e vai para uma sacada, fumar. O ar frio da noite faz com que sua echarpe se desenrole do pescoço, levando a fumaça do cigarro para longe a cada tragada.
Não era feliz, definitivamente. Desde a morte do marido, Betinha nunca mais tinha sido feliz com homem algum. Não foi por falta de tentativas, ela tentou! Deus sabe o quanto ela tentou! Mas ninguém se comparava ao Carlos. Ele era especial, único...
"Pra que chorar, pra que sofrer demais...? Foi só um amor perdido, foi só um amor a mais, pra que? Pra que chorar?"
Uma nova canção enche o recinto.
"...meu coração bate feliz demais..."
Com certeza, não era o dela.
"...você fugindo de você e de mim... minha serpente era o meu sonho ruim, mesmo chorando eu não vou mais chorar, pra que sofrer, pra que chorar?"
Não adiantava conter o choro. Ele vinha como uma onda do mar que vem com força se quebrar na areia. Frustrações, boas e más lembranças vieram à memória...o nascimento dos filhos, dos netos... a perda do marido tão amado...
"...navegar é preciso, viver não é preciso..."
Enxugando o rosto com uma das mãos, voltou para dentro do salão, onde Joaquim a esperava com uma gelada nas mãos. O sorriso dele era gentil e amornava seu coração. Será que depois de tanto tempo haveria ainda uma centelha de vida em seu corpo murcho e ressequido? Ousaria tentar amar outra vez? Por que não? Por que não tentar?
E lá se foi Betinha nos braços de Joaquim, para mais uma rodada de dança. Naquela noite, rodou a tristeza.
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