Há um rio fluindo sem leito
Conto, por Gil Rosza.
Numa época anterior a sensação de fragmentação da passagem do tempo expressa em números, quando nada ainda tinha nome e as civilizações sequer haviam sido pensadas, os humanos vagavam em hordas nuas, soltas como crianças à mercê da natureza. Quando ainda não havia o “pensamento mágico” para inventar as palavras de explicação, o caldo químico que saltava de um neurônio para o outro numa cabeça recém homo sapiens, era o pensamento abstrato, fluindo rápido, básico, desorganizado e infantil. Toda urgência era cio, fome, falo, medo. Em algum momento dessa madrugada distante, despertou-se uma autoconsciência que nos deu algum sentido, a linguagem nos deu parâmetros, a escrita nos deu beleza.
Tábua de argila, papiro, pergaminho, papel, ipad, oled, singularity. O registro em qualquer mídia das interpretações da realidade será sempre um jeito de desacelerar um pouquinho o pensamento para que possamos vê-lo.
Tábua de argila, papiro, pergaminho, papel, ipad, oled, singularity. O registro em qualquer mídia das interpretações da realidade será sempre um jeito de desacelerar um pouquinho o pensamento para que possamos vê-lo.
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Foto: Corbis
Muito bom o texto. Lembrei-me de Hegel, filósofo alemão. O curso da História não pode parar. A escrita veio para marca a História de um povo. Existe um certo exagero, talvez, mais a marca e o registro, ainda, é de suma importância, principalmente, para nosso dias. Um abraço...
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