I Concurso Literário Benfazeja

Quinze minutos para daqui a quinze minutos


Conto, por Gil Rosza.

É realmente tentador quando a lua vermelha sobre a velha estrada deserta passa a agir tal como um fetiche. Infelizmente não há muito tempo e descarto qualquer possibilidade de parar. A urgência é tentar estar em casa antes que sono comece a se torne um adversário sem compaixão. A música que durante todo trajeto não escapava do espaço entre play e repeat, dizia várias vezes que tudo ia ficar bem. Acho engraçado isso, mas sei que é apenas uma baladinha feita para embrulhar uma época onde “ficar tudo bem” era o mantra mais conhecido. Anos em que se acreditava ingenuamente ser possível.

Atualmente não é mais assim, a gente não se distrai mais tão facilmente. Não que as coisas sejam menos puras. É por causa da pressa. Essa que aperta tudo em volta e mesmo quando não se tem nada para fazer, há essa sensação de pressa acelerando a pulsação, os desejos, planos e compromissos ainda não agendados.
Quando alguém se desloca assim tão rápido como eu agora, basta um milésimo de segundo fora de onde se pensa estar, para que tudo o que se pensa estar, deixe de estar. Nessa velocidade, cada fragmento de tempo usado para atravessar em completo risco, até mesmo um trecho de chegada relativamente curto como, depende do dialogo que se tem com a sorte ou com o acaso. É preciso saber deles se há alguma possibilidade te deixarem chegar em paz, deitar na velha cama de solteiro e adormecer por algumas poucas horas, antes do sol aparecer para acordar todos os vivos.

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Foto: Corbis

Um comentário:

  1. Acordar todos os vivos e começar tudo de novo rs. -Nada termina tudo fica indo e voltando sem parar,
    todo mundo fica o tempo todo fazendo a mesma coisa-.
    Com ou sem musica.
    abç

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