I Concurso Literário Benfazeja

Fins sem motivo; motivos sem fim




Crônica de Andressa Barichello.

Namoros, romances, casamentos. A gente sabe como uma relação começa, e a gente sabe como começar. Terminar “é que são elas”! Quando é que se termina um relacionamento? Quando há uma traição e a casa cai? Quando as diferenças, vícios e manias do outro se tornam insuportáveis? Quando a família do outro é intrometida? Quando os projetos de vida tomam caminhos inconciliáveis? Quando as brigas são diárias? É, esses são bons motivos. Mas tendo motivos, tanta gente termina e volta, está sempre em pé de guerra e vive feliz para sempre entre “tapas e beijos”, não é? Por isso que acredito que uma relação apenas acaba quando não tem nenhum motivo para acabar. Naquele domingo de sol às 9h, em que você acorda ao lado daquele homem que todas as suas amigas pediram a Deus e acha que se sentiria mais leve se estivesse sem ele. Mas você não pensa isso; você só sente. Porque o cachorro espera pelo passeio e ao meio dia a sua sogra que é como uma segunda mãe, chegará para o almoço. Também serve aquela quarta-feira em que ele foi viajar a trabalho e não pôde ligar – e você se sentiu mais leve sem a procura. Mas você não pensa isso; você só sente. Porque na quinta ele chegará cheio de saudade. A gente pode até amar, mas nem amor basta para por fim ao desassossego. E assim com amor e sem vontade, chega o Natal, o Ano Novo, as férias, o Carnaval, a Páscoa, o Dia dos Namorados. A verdade é que terminar sem um motivo, tendo o próprio desejo como única razão é quase insuportável. Sentir não basta. Por isso é que a gente espera, espera, espera, até achar um dos motivos do início desse texto para enfiar a razão. Como se tendo a razão, ainda precisássemos de algo melhor.




Biografia
Andressa Barichello, 24 anos. Paulistana de nascença, curitibana pelo acaso. Advogada por profissão, escrevinhadora por ofício. Apaixonada pela poesia que se faz com as letras (e seu sentido outro) para celebrar a poesia constante que é a vida (e seu mistério). Venceu o 4º Concurso de Poesias Minimalistas "Poetizar o Mundo".
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Créditos da imagem? Olhares.pt
ao acordar era meio dia, pro Jaqueline

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