Poemas, por Cristiane Grando
Poemas metalinguísticos de Cristiane Grando.
gênese do poema
um poema nasce
com a terrível simetria do tigre
temor e fascínio
de um poderoso animal cósmico
o lanescente de seus olhos
o ocre da terra em suas patas
em silêncio pleno e profundo
carrega no dorso o fogo sagrado
Do livro “Titã”
*
escrever pode ser um ato de amor
mas também o suicídio
das palavras
[...]
escrevo para ser
porque estou
e ainda corre
o vermelho da vida
[...]
escrevo num fluxo dinâmico de estrelas
num quase-escuro do quarto
para não ver as letras
para ver somente para ver
a perfeição
[...]
jamais escrevi tanto a um só tempo
talvez esteja pronta para a mensagem cifrada;
amanhã compreenderei as frustrações do hoje
como tu, Carlos,
compreendes
somente no agora
tuas palavras e filhos do passado
que graça, leveza e peso
carregam as palavras e os filhos
que hão de chegar
um dia
poeta-escultor-de-silêncios-e-pedras
que doçura e amargo
suportam os fonemas e os versos
[...]
escrevo
como se fosse um só grito
na noite
escrevo, escrevo e escrevo
energia escura do multiverso
pluriversa-se a noite
e anoitece ainda mais
Do livro “Fluxus”
quanto silêncio é preciso para fazer um poema?
o silêncio da solidão e das portas,
da imaginação, do mundo,
do vento, das águas e dos gatos
o silêncio do branco
muito barulho para nada
silêncio, silêncio, o silêncio
e algumas palavras
Do livro “Caminantes”
*
Créditos da imagem:
Felicidade foi se embora..., por Geisa.
Nossa!... Sua poesia é maravilhosa!.. Adorei!!! Voltarei sempre aqui!... Parabéns!!! Bjs
ResponderExcluirMuito obrigada! Fico feliz que tenha gostado!
ResponderExcluirBeijo,
Cris