Uma espécie de lirismo
Crônica, por Mariana Collares
Num dia remoto, tempos atrás.
Os dias têm passado numa rapidez insistente.
Poucas coisas ocorrem fora do normal do meu cotidiano.
Tenho falado praticamente com as mesmas pessoas, tenho diuturnamente dirigido meu carro da casa ao trabalho, tenho ido dormir no mesmo horário, após a rotina da toilette noturna, e sempre a mesma.
Olho pelas janelas desta casa imensa e vejo coisas belíssimas: minhas flores se desenvolvendo, a vida tomando forma ao redor, a rotina dos outros criando histórias próprias.
Tenho me sentido um espelho, se bem que opaco, da vida alheia. Pouco tenho feito de mim mesma. Pouco tenho sonhado, por medo das desilusões.
Aprendi a não esperar muito do destino e minhas orações clamam por praz – o que mais desejo.
Mas devo confessar a ti, meu Deus, um profundo desconforto em ver a vida passar desta forma.
Às vezes me sinto do lado de lá da existência – observando a vida e apenas isto. Mas esse, creia-me, nunca foi o meu desejo. Desejava passar, sim, mas escrevendo a vida cotidianamente, num cotidiano ato de vivê-la. Desejava experimentar a experiência do “existir” e ser a protagonista de um destino feito para mim e por mim.
Mas hoje, só faço esperar. Tenho sido a testemunha de mim mesma, em constante inércia.
Tenho visto a vida do lado de fora das coisas. Tenho sentado à frente do palco da minha experiência, com ânsia de estrear o vestido novo e fazer festa.
Tenho esperado, Senhor, o dia em que me chamarás de novo a tomar à frente das oportunidades e dizer “sim”.
Que seja logo.
Tem me cansado esperar tanto por mim e não me ver chegar jamais.
Jamais descer da estação e tomar o trem da vida - aquele que efetivamente anda, apesar da lassidão dos acontecimentos todos.
Poucas coisas ocorrem fora do normal do meu cotidiano.
Tenho falado praticamente com as mesmas pessoas, tenho diuturnamente dirigido meu carro da casa ao trabalho, tenho ido dormir no mesmo horário, após a rotina da toilette noturna, e sempre a mesma.
Olho pelas janelas desta casa imensa e vejo coisas belíssimas: minhas flores se desenvolvendo, a vida tomando forma ao redor, a rotina dos outros criando histórias próprias.
Tenho me sentido um espelho, se bem que opaco, da vida alheia. Pouco tenho feito de mim mesma. Pouco tenho sonhado, por medo das desilusões.
Aprendi a não esperar muito do destino e minhas orações clamam por praz – o que mais desejo.
Mas devo confessar a ti, meu Deus, um profundo desconforto em ver a vida passar desta forma.
Às vezes me sinto do lado de lá da existência – observando a vida e apenas isto. Mas esse, creia-me, nunca foi o meu desejo. Desejava passar, sim, mas escrevendo a vida cotidianamente, num cotidiano ato de vivê-la. Desejava experimentar a experiência do “existir” e ser a protagonista de um destino feito para mim e por mim.
Mas hoje, só faço esperar. Tenho sido a testemunha de mim mesma, em constante inércia.
Tenho visto a vida do lado de fora das coisas. Tenho sentado à frente do palco da minha experiência, com ânsia de estrear o vestido novo e fazer festa.
Tenho esperado, Senhor, o dia em que me chamarás de novo a tomar à frente das oportunidades e dizer “sim”.
Que seja logo.
Tem me cansado esperar tanto por mim e não me ver chegar jamais.
Jamais descer da estação e tomar o trem da vida - aquele que efetivamente anda, apesar da lassidão dos acontecimentos todos.
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Créditos da imagem: Site olharees - fotografia online
Janela do meu Mundo, por André Duarte.
MAriana, linda a tua crônica. Me idêntifico muito com o lirismo. Também sou escritora lírica,também sou feliz. Parabéns pelo pelos trabalhos!
ResponderExcluirOlá Laura,
ResponderExcluirObrigada!!! Fico feliz que tenhas gostado! Seja sempre muito bem-vinda ao nosso cantinho! Abraços enormes!
Mariana
Mariana, teus escritos são de uma delicadeza impressionante. Cheguei aqui meio por acaso da 1ª vez e agora voltei por querer. Nenhum arrependimento, pelo contrário: muito agradável esse lugar. Já tou virando frequentadora assídua =)
ResponderExcluirOlá Dea! Coisa boa! Fico tão feliz... Volte sempre. Este cantinho é nosso!
ResponderExcluirAbração!
Mariana