Poemas: Mal-estar na civilização
Poemas escritos ao ler o livro Mal-estar na Civilização, de Freud.
por Wellington Souza.
Mal-estar na civilização I
O homem cuida do cachorro
mas, e quem cuida do homem?
Há máquinas que fazem café
café com leite
quem mantêm o café quente para o Homem.
Há máquinas que lavam roupa
louça
carpetes...
Que cozinham...
Mas, e o afeto na casa das máquinas?
O Homem obedece a ordens
de ligar, virar, programar...
Haverá o dia em que a máquina falará
deixa, amor, que hoje eu lavo
ou
fiz strogonoff para você!
ou, ainda melhor
me ajude com a louça
eu lavo, você seca e guarda.
?
Triste dia em que a solidão
inventar máquinas assim.
*
O cachorro, de uma inteligência superior
se faz de coitado
pede afagos
e deixa, enfim
o Homem ser útil.
Mal-estar na civilização II
Há o vinho
há peixe
e saladas com molhos importantes
e som tranquilo
de mar e de cordas e de sopros
e um sorriso sincero à minha frente.
Tudo o que eu pensava ser
inimigo da infelicidade.
Mas ela ri com eles
(principalmente com o mar).
Ri, não.
Zomba.
*
Créditos da imagem: Olhares.com
Pétala, por Wellington Souza
Nenhum comentário