Posso chegar mais perto?
- Versão colaborativa de Thauan Raposo e Marcelo Sousa..
Deixa eu caber em teu colo,
e te amar sem motivo, sem dolo...
Me recusa, me usa. Mastiga minha alma!
Me beija e me trai com calma. Que assim seja, amém!
Quem disse que os docemente tolos não podem amar também?
Pisa-me com teu melhor salto.
Só você sabe, na intimidade do teu corpo, onde sobro e onde falto.
Metade de um chão, amor trincheira. Só no fim de semana, no próximo talvez.
Outro dia, outra vida. Deixa respingar o passado; e que os dias se esvaziem sem pressa, um de cada vez...
Deixai-me chegar perto, e te tocar apenas pelo instante necessário.
Deixa que eu me fija de esperto, mesmo tendo o juízo precário!
Teu cérebro de menina bem cuidada e educada não imagina,
mas tua pele sabe muito bem como será o final desta rima.
Fique tranqüila, jamais me predi sem que ter a possibilidade
de que uma flor seja entregue como sincera redenção.
E nenhum dos estratagemas das vontades
da carne... poderão vencer as convicções da alma e do coração.
Posso oferecer apenas (e talvez, pois nada prometo, como bom poeta)
a boa conversa, o divagar sobre coisas que nós, crianças, achamos geniais...
e talvez um pouco do calor do meu corpo para que encontres em mim um ninho
humano, e nada mais.
Deixa-me ser orvalho, deixa-me ser pouco,
na calma ou no turbilhão, se você ainda suporta esse meu grito rouco,
piada de anjo calvo, de pena corada a banho de sais,
talvez encontremos a mais fina paixão no alçapão das coisas mais banais.
Não sou teu homem, teu dono, teu marido,
nem fui escolhido consorte ou sequer namorado.
Sou apenas isto, fraco e resumido,
mas não destilado.
Bebida amarga, água de uma fonte impura,
mas que talvez te traga um certo alívio, se não puder trazer a cura.
Que seja eternamente efêmero, pois nas efemérides cabe todo torpor.
Sou teu, sem ressalvas. Sou flecha e alvo. Enfim, boa noite, meu amor.
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