I Concurso Literário Benfazeja

Poemas de Alcina Morais






Praevenire

Feito um muro branco
assim está o poema
distante da mão
vegetativo e indolente
recusando a palavra como ele
no silêncio e brancura
de sua aparência.




A palavra

Guardá-la
entre os músculos e os pilares
sob a abóbada;
e a que a suportem
não a soltem à vontade
ou pelo nariz.

Fixá-la como um dente
que resiste e
insufla a boca.
Extenuar a que sai.
Enfileirar as outras.

Passo a passo
a palavra fala, não fala,
pensa.
E o que sente senão
a língua que bate, marca
denuncia a alguém
a ela mesma e foge?!




Transgressão

Ousada a luz que invade a sala
quando a cortina resguarda o móvel – uma cadeira
sóbria, quase divina,
alheia a manhã que vislumbra,
a mim.

Devo sentar-me?
Se faço-o, somos uma
um objeto seguro, sem dor
e não reconheço a luz
sempre a querer transgredir.


*

Alcina Morais publicou o livro intitulado Olho d'água em março/2011 na França, pela Yveline Edition (bilingue: português-francês).

Este mesmo livro foi escolhido pela ALG - Academia de Letras de Goiás, entre mais de 300 poetas, como um dos cinco melhores de 2011, na sua categoria de poesia.

É membro da UBE-RJ, da APPERJ, ARTPOP - Cabo Frio, ALAV - Academia de Letras e Artes de Valparaiso - Chile (acadêmico correspondente).

Blog Olho d'água

*

Créditos da imagem: Site olhares - fotografia online
Por detrás da cortina..., por Adriana Faria.

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