I Concurso Literário Benfazeja

Atacama



Conto, de Gil Rosza

Até hoje, não tinha parado para medir a distância percorrida. Aqui tudo é muito vasto! Todo esse tempo olhei unicamente para frente, mantive os pensamentos cravados na rota. Depois de milhares de quilômetros em linha reta, tudo o que me era familiar começou a mudar de tonalidade até assumir de vez a ausência de cores comum ao esquecimento. Nesse momento a sensação é de ser totalmente estrangeiro, um mouro nômade rumo ao norte, além das terras de Espanha, muito além de todos os motivos que poderiam me fazer sentir saudade. Estou tão longe que somente agora é que me permito olhar para trás, sentar por um pouco no chão branco do salar e observar os contornos tremulantes da linha ilusória do horizonte. Não quero trégua, nunca quis. Quero apenas seguir em frente.

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