I Concurso Literário Benfazeja

Poesias do livro AUTOPSE



Poemas de Sel.

Essa rosa
que simboliza o que sinto por ti
algum dia vai se perder
como mais uma em meio a tantas outras
que ainda resistem
Talvez você veja que
como ela
tudo sempre passa
e então
como ela
este sentimento também vai se esvair
E assim, tenha medo

A forma
realmente é instável
e o tempo sempre vai tomá-la de volta
Mas há algo a mais que se pode ver:
a essência
Essa essência que dá beleza às coisas simples
e que indene nos acomete
tênue, tímida
Ela, menina
que é, sim, a própria vida
jamais morrerá



*

Tu surgiste pura, como silêncio em trevas, trazendo um odor quente em pele fresca
Fixando-me num olhar lânguido, com teus olhos verdes e pedintes
Acomodaste-te em mim, como água, me cercando com teu ar de Afrodite, desvirtuando o meu espírito num frenesi
Como que desamparada, tu te curvaste de costas a mim, empinando desengonçada tuas nádegas, tenras, cheias de acanho
Minhas mãos mortificaram todo teu dorso pálido, liso e tu rebolavas ainda timidamente
Todavia, balbuciavas palavras avulsas, espasmódicas, implorando que eu fosse mais além
E eu fui...
Fui até o inferno de teu corpo e compartilhei contigo a tua dor
Fui... como um desesperado que tem sede, bebendo a última gota de orvalho


Créditos da imagem: olhares
DESERT ROSE, por Mona Lisa Locks

Nenhum comentário