1° DE(S)MAIO - DIA DO TRABALHA-DOR

Poema de Caranguejúnior!
Parabéns aos trabalha-dores
Aos Batalha-dores
Do Brasil.
BRASILEIROS METROPOLITANOS
A pressa dos Brasileiros
Contínua
Apressado Brasileiro
continua
Contínua
Apressado Brasileiro
continua
O suor escorre pela testa
pelas costas
o sol castiga
a cachola ferve
Boca seca
olhos ardem
ossos doem
ócio do ócio
olhos ardem
ossos doem
ócio do ócio
A calçada entupida de gente
pra lá e pra cá
esbarrando-se
empurrando-me
Carros nas ruas
o monóxido de cada dia nos dai hoje
camada de ozônio
sofre agora
sofredora
Meninos pedindo dez
mulheres, trinta por meia
polícia mais de mil
pro caça níquel funcionar
pro caça níquel funcionar
Um oásis logo ali
camelô vendendo água
cerveja por dois contos
ou algo que mate a sede
camelô vendendo água
cerveja por dois contos
ou algo que mate a sede
A sede que nos mata
A correria dos Barsileiros
continua
E a correria contínua...
continua
continua
E a correria contínua...
continua
SEIS DA TARDE
A vida do Brasileiro
É tamanha correria
Na batalha do dia a dia
Pra ganhar o seu dinheiro
Ganha pão do mês inteiro
Pra sustentar suas crias
Luta igual guerreiro
Pro céu faz uma prece
Baixa a face o pranto desce
Ao som da ave Maria
Calos nas mãos ardendo
Suor na testa desce
Cansado o corpo desfalece
Quando vai escurecendo
E a lua quando aparece
Dita o fim da correria
Em casa há alegria
Seis da tarde já acontece
Baixa a face o pranto desce
Ao som da ave Maria
CARDÍACOTIDIANO
Marcapasso
Meus cambaleantes passos
Sobre esse chão
Sujo e áspero
Marca meus passos
Sobre essa ponte
De safena, de Helena
De Maria e José
Meus cambaleantes passos
Sobre esse chão
Sujo e áspero
Marca meus passos
Sobre essa ponte
De safena, de Helena
De Maria e José
Marca
Cada pisada do meu pé
Marca cada Suspiro meu
Nesse quase puro Ar
Marca até quando eu espirrar
Marca meu caminho
Sobre essa avenida ferida
Perdida...
Marcapasso
Quantos carros
Quantas motos
Quantas mortes...
Marca Quanto tempo
Quantas horas
Para o busão passar
Marca quantos moleques
Engolem fogo no semáforo
E quantos engolem mágoas
Marca quantos limpam parábrisas
E quantos enxugam lágrimas
Marcapasso
A placa daquele carro
Que jogou água em mim
No dia da enchente
Oxente, Enchente?
Marca
O sorriso dessa gente
O choro dos Indigentes
Cada pisada do meu pé
Marca cada Suspiro meu
Nesse quase puro Ar
Marca até quando eu espirrar
Marca meu caminho
Sobre essa avenida ferida
Perdida...
Marcapasso
Quantos carros
Quantas motos
Quantas mortes...
Marca Quanto tempo
Quantas horas
Para o busão passar
Marca quantos moleques
Engolem fogo no semáforo
E quantos engolem mágoas
Marca quantos limpam parábrisas
E quantos enxugam lágrimas
Marcapasso
A placa daquele carro
Que jogou água em mim
No dia da enchente
Oxente, Enchente?
Marca
O sorriso dessa gente
O choro dos Indigentes
Marcapasso
Minha tensão
Minha hipertensão
Marca uma solução
Para este cardíacotidiano
Marcapasso
Minhas idas
Minhas vindas
Minha vida
PLANEJAMENTO (VIDA BESTA) a Drummond
Quatro horas da matina
acordar, tomar banho
trocar de roupa e sair
Quatro ônibus
e um trem...
Trabalho, sufoco
suor na testa
cimento nos olhos
Quatro pessoas
Conversa no almoço
quatro garfadas
e um arroto
Quatro passos
Trabalho, sufoco
Suor na testa
cimento nos olhos
Quatro para as seis
Final do expediente
quatro pessoas
na parada de ônibus
Quatro ônibus
e um trem...
Quatro passos
para casa
tomar banho
trocar de roupa
e dormir... zzzz
Caranguejúnior
*
Créditos da imagem: Olhares.com
1º de Maio, por Carlos Gomes
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