I Concurso Literário Benfazeja

Claríssima



claríssima (1993-2003)


Parte III


canção de amor

amor não se pede
nasce, acontece



lunar

encontrava-me no mar Mediterrâneo
- vi um vulto de mulher se avolumando -

silhueta negra de luminosos olhos verdes
boca vermelha de batom

com passos lentos
passeou primeiramente
sobre o meu olhar

sombra feroz firmemente pisou em meus pensamentos
sobre meus desejos improvisou um sapateado espanhol
amassou com seus saltos finos minhas esperanças
e com unhas afiadíssimas
rasgou o cordão que me atracava ao cais




sedução em sete atos

foram sete os pulos sinuosos da gata

faminta, lançou-me um olhar sedutor e frio
soltou sua voz rouca ao vento, um grito
sensual, lambeu suas patas macias

depois dançou o medo e o desejo
esbarrou seus pelos arrepiados na minha pele
lentamente passou a língua no dorso da minha mão
e me fez conhecer paixão e morte

eu que era apenas um homem



claríssima

teus seios, Clarice
brancos, brancos
pele claríssima
clarineta
estrelas gritando




amor-perfeito

Enquanto o vento tocava uma cantiga de amor lá nos fundos de casa, pensei em minha eterna namorada: Amorzinho, vem dançar!

Brigit, nossos corpos colados, dois rostos sob o sol:

estrela de cinco pontas
flor de cinco pétalas
Brigit, amor-perfeito

sorridente
pensamento

Minha cabeça começou a pegar fogo: percebi que estava em frente de um milharal se agitando livremente ao sol.





*

Créditos da imagem: (pode deixar que eu preencho isso)
Vento sentido, por Bruno Gabriel Ferreira Silva

Nenhum comentário