I Concurso Literário Benfazeja

O andar: da carruagem, dos fatos, da vida




The child is grown
the dream is gone
—Pink Floyd

Este texto é dedicado aos animais
(somente aqueles que não se apaixonam).

Mas também é dedicado a Jack: paixão de Brigitte
(aquela que ainda se apaixona).



Sei lá por onde anda minha cabeça.
[Se é que cabeças andam.]

Outro dia mesmo falei sobre isso.
Ou talvez tenha sido outra coisa. Já me esqueci.

Só sei que
falei.

Tenho em mim algo que me assusta;
[sempre pensei que essa seria uma boa frase para um bom texto; vejamos…]

posso lhe dizer que é parte não concreta de meu ser.
Compreende?

A verdade é…
acaricio a gata para ver se ainda tenho chances.

Gata.
Quero saber qual é a relação entre o animal felino e o humano feminino: gata.

Ela me queria.
Eu tinha dúvidas.

As dúvidas são companheiras,
amigas que lhe obrigam a pensar.

Sofrer, dormir, acordar.
O sono eterno?

Não, Shakespeare!
Ou você acorda, ou o sono é eterno.

— os dois?
impossível. —

E, na verdade, esse drama está longe de tudo o que me cabe.
Sou macho.

Ela: “Você fala francês?”
Oui!

“Voulez-vous coucher avec moi ce soir?”
Je ne peux pas…

Não dá mais para sonhar,
a criança que um dia fui cresceu.

“Sim ou não.
É simples.”

Simples é não tentar simplificar a vida,
complicada demais para ser...

Simples não há.
Nada há.

Tudo
é invenção.

“Cara! Estou aqui.
Sou toda sua.”

41%
44 minutos.

Transferir o que é seu para outrem…
Eis uma das dificuldades da vida.

Upload,
Download.

Simples?
Not really.

Sim. Please.
Queria ter você aqui, agora.

Download?
Qual é a porcentagem da transferência?

Se eu lhe disser que posso,
estabeleceremos então uma conexão?

No more I love yous
The language is leaving me.

Já não sei o que,
nem como, dizer.

Quero você,
amo você.

Ooops!
Eu disse: no more I love yous...

“Pronto.
Já disse.”

Disse nada.
Querer e amar é nada.

Há o poder.
Há o disponibilizar-se.

Dá para me entender?
Tenho uma história.

Estória
talvez.

Meu coração partiu.
Preciso catar os pedaços.

“Eu ajudo.”
Não. Quero ser seu, inteiro — respondi.

A criança que um dia fui cresceu,
o sonho acabou.

Minhas chances?
Não sei. Talvez tenham se acabado.

Ela: “É simples, já disse.
Mas você acabou com elas.”

Com as chances?
“Sim.”

Duvido; afinal, dizem que:
O que é do homem o bicho não come.

Às vezes,
a distância é necessária.

Já pensou nisso?
Sim. Please.

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