Helena Febril e outros poemas
Poemas, por Wellington Souza.
Versos que tentam dialogar com o convívio forçado na nossa espécie. Forçado, pois seguimos a ordem: "crescei-vos e multiplicai-vos e enchei a terra de gente..."
Plurais
Hoje sejamos nós, apenas. Atados
Sem lembrarmo-nos de um futuro
em que certamente lembraremos
das noites perdidas destes dias
em que nele não pensávamos,
e vivíamos feito bichos
nos cativeiros de nós mesmos.
Hoje, estejamos nós
cientes apenas deste tempo
e um da persona do outro
que como num palco
amam-se ardentemente,
mas são estéreis.
Sem lembrarmo-nos do futuro que fantasiávamos.
Versos livres e uma mulher em que não existo.
Não vou culpá-la,
posto que somente tem culpa aquele que age,
e pelo mesmo motivo não haverá perdão
– só se perdoa a quem erra.
Essa melancolia
também
só existe de um lado:
só um lado viveu
e só em uma cabeça fatos reais aconteceram.
Não houve dialética.
É como uma balança que só pende para um lado
ou uma ponte,
que só cai em uma margem.
Nem ao menos posso julgá-la displicente,
pois só o é quem ignora o perigo
e nunca ofereci perigo algum.
Helena Febril
Suava.
Seus poros emanavam
não apenas líquido
que em vão tentavam retirar
do corpo
o calor excessivo.
Fluíam também
olhares-de-sereia.
Era imprescindível amar.
A febre ansiava
barro para forjar um corpo varão
e dele
de sua costela
sair mulher.
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