Relíquias e outros poemas

Poemas, por Cláudia Banegas

Amanhecer

Tocas meu corpo, estremeço

Beijas-me a boca, bom começo

Nosso amor avassalador

Devassidão, toque, torpor

Desejos temperam o ar da manhã

Corpos se esfregam com sofreguidão

Entrelaces, sussurros, satisfação

Lençóis molhados pelo chão

Plenitude, enfim, resumo

União de suspiros e devaneios

Gotas de suor, nosso sumo

Tua cabeça tranquila entre meus seios

Entre o Sagrado e o Profano

O sagrado, santo e insano

Amor com o qual te amo

Te coloca em um altar

Mas meu coração profano

Obcecado, obsceno, mundano

Busca ainda se aventurar

Entre o céu e o inferno

Da primavera ao inverno

Busco recomeçar

Assassino pensamentos castos

Diante de um terreno vasto

Derrubo teu pedestal

Venha teu amor me envolver

Torne-me tua, me dê prazer

Livre-me de todo o mal

Relíquias

O sol atravessa a taça

Tecendo nuances de luz

Enquanto vou me aquecendo

Pensando no que me seduz

Minhas lembranças são tão ternas

Consolidam-se em eterno sonhar

Sabores e cores tomam forma

Criações a transformar

Por dentro, amplitude.

Espaços harmônicos, plenitude.

Por fora, quietude.

Momentos eternizados, cenários nem sempre tradicionais

Colar de pérolas em meu baú

Relíquias em espirais

Enquanto Você Dormia

Enquanto você dormia

Eu fiz uma poesia

Que diz assim:

Amor sem fim

Ágata rude

Brilho carmim

Amor enfim

Vã esperança

Pobre de mim!

Amor no fim

Dói o meu peito

Velam por mim

Andorinhas

Lá se vão as andorinhas

Tão felizes, tão levinhas

Vão-se todas, todinhas

Uma só não faz verão, nem outono ou primavera

Mas juntas alegram meu coração

Em compasso de espera

Lá se vão as andorinhas

Orquestradas, voando em revoada

Elas se encontrarão, mas eu não

Lá se vão as andorinhas,

Cansadas, voando em um montão!

Vão-se elas, eu que fico...solidão

*

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Créditos da imagem:

Peter Kaminski