I Concurso Literário Benfazeja

Pedra Dura...

Poema, por Maria Ribeiro.




Que pedra tão dura sou!

Venho do ventre da terra.
Caí num mundo de guerra...
...ferocidade...mentira...
...que IRA!
Continuo a rolar,pois ainda não estou lisa...
Muito trabalho é preciso!
Meu deus e Senhor do MUNDO!
...é um trabalho feroz...cansativo e profundo...



Sinto que NÃO SEREI...nunca!

Difícil de percorrer estrada montanha acima...
O que me leva ao calvário?
Por que me massacro neste exercício diário?

Por que não sou SÓ criança?
Seria bela a inocência, dessa infância que perdi...
Rosa vermelha na mão? Picar-me-iam espinhos!
Seria bom senti-los...ter uma Prova de Vida...

MEU ESPAÇO DOLORIDO perdido naquele Tempo!

Construí, lentamente, meu Templo...Corpo integral...

De brutas pedras, fiz mármores...
De flores secas, fiz vales
De areias, fiz meus mares,
De ondas teci meus ares...
De acácias fiz as coroas
com que enfeito minhas dores...

Passeio, sem me encontrar,perdida no meio deles...
E chegará o momento do (relativo)Aperfeiçoamento?

Confio na Luz da VIDA,
que me é tão querida!

Já não sou tão pedra bruta...
Já me burilei um pouco!

*
Sobre a autora:

Maria Ribeiro (Aveiro, Portugal)
"Professora de Português, amante de livros, música e cinema... Adoro conversar. Creio que, efectivamente, do diálogo todas as mentes abertas podem sair mais ricas... Gosto de passear, porque o Mundo é lindo e o sorriso das crianças é puro como uma rosa em flor. A escrita sempre foi um prazer, mas a escrita poética é uma descoberta mais recente, que quero partilhar convosco. conversem comigo..."
site: http://lusibero.blogspot.com

Créditos da imagem:
Stone flowers, , por Andreia Sousa

2 comentários:

  1. Como qualquer SER humano, considero que todos somos "PERAS DURAS", sujeitas a um processo natural de aperfeiçoamento...Esse vai ocorrendo ao longo da nossa vida, com os constantes percalços e as alegrias que vão acontecendo...Somos um pouco como o pedaço de pedra que o escultor toma em mãos ,para dele fazer nascer uma obra de arte...Infelizmente, o nosso processo VAI SENDO...e NUNCA seremos perfeitos! Vamo-nos aperfeiçoando, se quisermos, com a ajuda do SENHOR...MAS perfeito...SÓ ELE!

    Maria Elisa Ribeiro

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  2. Belíssima obra, Maria Ribeiro.

    Drummond disse certa vez, em entrevista, que o poema que acha bom não é aquele que fala que tudo acabará bem, ou traz soluções fenomenais; mas sim o que consegue passar um sentimento de conforto ao leitor.

    Parabéns!

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