Carta à Sally
Crônica, por Mariana Collares.
Sally, não tenha pressa! O amor não combina com tamanha ansiedade...
Mal acabou de nascer, mal os olhares se trocaram, e uma palavra foi quase sussurrada, tão baixo que nem a consciência dela se apercebeu...
Sally, não devore. As pessoas não são objetos, são mundos. Há que se ter plena noção de um todo que se move ante os olhos. São pequenos gestos, a mão no rosto, o jeito que a língua toca os dentes quando diz – bom dia! Tudo gira em torno de um desejo imensamente solitário.
Aliás, diz-me um amigo que o amor é o sentimento mais solitário do mundo. Quem sente, sente sempre sozinho, ainda que seja correspondido, ainda que outro lhe ame mais, o amor é sempre o ponto de vista de um só ser.
Sally, não tenha medo! Se vier muito rápido, poderá sucumbir no primeiro desejo vão. Mas se demorar, ah... se demorar tanto, mas tanto mesmo que a respiração quase não chega a tempo de oxigenar o cérebro, ah... aí sim, o encanto é maior.
Mas não vai se demorar demais. Isso não. O amor é sempre transitório. Ainda que estacione por muito tempo, e se espalhe em filhos, em sonhos, em coisas, Sally, o amor é dinâmico. Nunca é igual. Nunca é o mesmo. Porque nunca somos os mesmos. O dia seguinte abandonou quem dormiu e quem agora acorda é um outro, melhor talvez que o do dia anterior, mas diferente.
O amor não será eterno, mas volúvel, e aí estará a imensa alegria e a plena satisfação existencial de vivê-lo. Porque se sabe que o que foi não voltará, e o que virá será tão diferente que poderá ser muito, mas muito melhor.
Então, Sally, não tenha pressa. Acostume-se a estender os minutos de dúvida, enquanto pensas, deitada na cama, se ele te ama, se ele te quer. Isso, sim, é o melhor do amor.
Porque as certezas nunca são certezas. São sempre dúvidas omitidas.
E não estou aqui pra te dizer, Sally, que o amor não pode vir, não pode amar e se perpetuar, não... estou apenas a te dizer que o momento antes do amor é o melhor momento que está por vir.
Porque tudo o mais, por melhor que seja, jamais será melhor do que sonhaste.
Mal acabou de nascer, mal os olhares se trocaram, e uma palavra foi quase sussurrada, tão baixo que nem a consciência dela se apercebeu...
Sally, não devore. As pessoas não são objetos, são mundos. Há que se ter plena noção de um todo que se move ante os olhos. São pequenos gestos, a mão no rosto, o jeito que a língua toca os dentes quando diz – bom dia! Tudo gira em torno de um desejo imensamente solitário.
Aliás, diz-me um amigo que o amor é o sentimento mais solitário do mundo. Quem sente, sente sempre sozinho, ainda que seja correspondido, ainda que outro lhe ame mais, o amor é sempre o ponto de vista de um só ser.
Sally, não tenha medo! Se vier muito rápido, poderá sucumbir no primeiro desejo vão. Mas se demorar, ah... se demorar tanto, mas tanto mesmo que a respiração quase não chega a tempo de oxigenar o cérebro, ah... aí sim, o encanto é maior.
Mas não vai se demorar demais. Isso não. O amor é sempre transitório. Ainda que estacione por muito tempo, e se espalhe em filhos, em sonhos, em coisas, Sally, o amor é dinâmico. Nunca é igual. Nunca é o mesmo. Porque nunca somos os mesmos. O dia seguinte abandonou quem dormiu e quem agora acorda é um outro, melhor talvez que o do dia anterior, mas diferente.
O amor não será eterno, mas volúvel, e aí estará a imensa alegria e a plena satisfação existencial de vivê-lo. Porque se sabe que o que foi não voltará, e o que virá será tão diferente que poderá ser muito, mas muito melhor.
Então, Sally, não tenha pressa. Acostume-se a estender os minutos de dúvida, enquanto pensas, deitada na cama, se ele te ama, se ele te quer. Isso, sim, é o melhor do amor.
Porque as certezas nunca são certezas. São sempre dúvidas omitidas.
E não estou aqui pra te dizer, Sally, que o amor não pode vir, não pode amar e se perpetuar, não... estou apenas a te dizer que o momento antes do amor é o melhor momento que está por vir.
Porque tudo o mais, por melhor que seja, jamais será melhor do que sonhaste.
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(Texto extraído do livro DEVANEIOS LITERÁRIOS, de Mariana Collares, Ed. Bookess, 2010, disponível em http://www.bookess.com/read/5947-devaneios-literarios/).
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Créditos da imagem:
Sonho ou Pesadelo?, por Susana E.Santo
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