A Luta do Beinhe Contra o Mal
Crônica, por Zeca Martins.
"A felicidade é feita de atitudes e trocar o mal pelo beinhe é um bom começo."
A luta do bem contra o mal é antiga. Lembro da minha primeira briga com ele. O mal chegou e perguntou:
- Beinhe, não se esqueça de dizer para sua filha o monstro que ela é. Imagina me ofender deste jeito.
No caso eu sou o beinhe e o mal, uma das minhas ex-mulheres. Foram anos de batalhas homéricas. E neste caso o mal sempre foi mais forte. O beinhe aqui perdeu quase todas. Ou melhor, todas. Minha vitória somente foi possível com a fuga. Se é que fuga pode ser considerada vitória.
O pior é que mesmo a alguns Estados de distância o mal continuou a espezinhar sobre o beinhe aqui. Essa luta não é fácil. Para me preparar para as guerras que se desencadeiam a cada contato, resolvi perder o contato totalmente. Mas o mal é esperto. Não cede tão fácil. Precisa sempre mexer no que estava em paz. O mal tem a capacidade de pegar a paz e antes de usá-la agitar com toda a força. Quando acordamos no outro dia, ou mesmo antes de dormir, não conseguimos localizar mais qualquer traço da tranquilidade obtida até então.
O mal, entretanto, está na cabeça de todos e mesmo a minha ex, que sempre carregou o mal bem a mão, pode trabalhar e quem sabe deixá-lo esquecido na bolsa e com sorte perdido dentro deste labirinto feminino. Creio que antes de ser o beinhe aqui, eu gostava de algumas maldadezinhas. Lembro e me penalizo com meus gatos. Quanto sofrimento o dos bichanos. Hoje me arrependo.
Mas não fui mauzinho somente com os irracionais. Preguei algumas peças nos racionais. Colegas de escola, universidade e trabalho. Mas consegui, mesmo sem carregar uma bolsa de mulher, perder minha maldade mais aguçada pela vida. Hoje acredito e espero que os que convivem comigo concordem que posso ser chamado sem problemas do beinhe aqui.
Como podemos perceber que causamos mal a outras pessoas? Sim. Muitas pessoas simplesmente não percebem o mal que causam aos seus semelhantes e dessemelhantes. As culturas, os valores recebidos dos familiares, entre outras causas, camuflam o mal. Condenar uma mulher a morte por adultério pode não ser tão chocante aos iranianos como para os ocidentais. Ou seja, praticam os males debruçados sobre a lei. Na guerra, matar o inimigo pode ser traduzido como heroísmo. Exemplos não faltam para o homem e as mulheres justificarem seus atos abomináveis.
Prefiro ser o beinhe aqui. O mal procuro manter bem longe dos meus atos. Aos amigos gosto de ensinar como lançar o mal instalado, mas não revelado, em seus corações como o atleta faz com o disco nas Olimpíadas. O recorde é de 74,08 metros para os homens e de 69,89 metros para as mulheres. De qualquer forma a coisa ficará bem longe. Se você não é atleta não desanime. O mal pesa muito menos que o disco e certamente você conseguirá lançá-lo a centenas de quilômetros de distância.
Se olharmos bem para dentro do nosso íntimo e escutarmos os gritos de nossa intuição, seremos todos que nem o beinhe aqui. Em mutação. Procurando esquecer os males cometidos. Esforçando-se para cometer com todas suas forças todo o bem possível que sua alma carrega. A felicidade é feita de atitudes e trocar o mal pelo beinhe é um bom começo.
*
Créditos da imagem:
Casal vê o mar..., por Paulo Henrique Rodriguez
Nenhum comentário