Poemas: Touch em rede.
Poemas, por Wellington Souza
Em dezembro postei poemas com tema parecido ao deste mês: relações em redes sociais. Em ‘Poemas: o pós-biológico’ eles versavam sobre relações amorosas – se é que elas continuam amorosas quando se troca o toque pelo touch. Destes novos, um é sobre essa nova forma de toque e dois sobre as redes sociais, onde amizades simples (não a simplicidade sinônima de fútil, mas sim a antagônica de complexa) e profundas se iniciam.
Boa leitura e, sentido um incômodo, uma coceira dessas que dão bem no meio das costas (e no lado de dentro): não deixe de comentar.
Boa leitura e, sentido um incômodo, uma coceira dessas que dão bem no meio das costas (e no lado de dentro): não deixe de comentar.
O ECO DO PIU
Falam, repetem repetem
ecoa
Seguem colunas
listas
fotos
onomatopéias.
- Tudo, menos gente.
Lemos o murmúrio da multidão
isso: lemos o murmúrio da multidão
que é um entulho de solidões.
Todos menos gente.
PLATONISMO E REALIDADE AUMENTADA
Meus dedos te acariciam
e os olhos fechados
transformam o negro da pele plástica
e o frio dos LEDs
no rubro das maças
do teu resto.
Meus olhos abertos
transformam o diáfano da alma humana
e o frio dos olhos que me olham
na projeção 3D pela qual me apaixonei
via conexão 3G.
A CONTRACAPA DO FACISBOOK
O tumulto de faces
nos roubam dos livros.
Uma multidão
organizada sistematicamente
– páginas e páginas e mais páginas
e colunas paralelas de faces
como pelotões em um desfile hitlenista.
Rodam
ampliam
como pelotões em um desfile hitlenista.
Rodam
ampliam
invertem
e encolhem o mundo usando as pontas dos dedos.
É o limite, o toque máximo: a ponta dos medos.
Tentam nos convencer
e se convencerem
de que são felizes, inteligentes
e de que as páginas que escrevem
– não as gravadas em bits – e sim as reais
não estão sujas e cheias de sombras e rastros e bugs.
e encolhem o mundo usando as pontas dos dedos.
É o limite, o toque máximo: a ponta dos medos.
Tentam nos convencer
e se convencerem
de que são felizes, inteligentes
e de que as páginas que escrevem
– não as gravadas em bits – e sim as reais
não estão sujas e cheias de sombras e rastros e bugs.
Até conjugam verbos em terceira pessoa...
ocultando, assim, a verdadeira pessoa.
ocultando, assim, a verdadeira pessoa.
*
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Créditos da imagem:
PRESO A TI, por Paulo Madeira
Adorei o poema a Contracapa do Facisbook, principalmente o verso: "encolhem o mundo usando a ponta dos dedos". Também adorei os versos: "Tentam nos convencer e se convencerem de que são felizes, inteligentes ". Escolha primorosa do vocabulário para retratar uma realidade. Eu acrescentaria que através da rede, todos ficam mais inteligentes, ou apenas nos retraram um mundo livre da superestrutura social. Pelo menos, pensar assim me consola. Maravilhosos versos!
ResponderExcluirTocou. Muito. Amei, brow, como sempre. bj
ResponderExcluirOi, Silvia. Obrigado pela crítica, são valiosos vindas de você. Nesses poemas quis expor os lados negativos dessa interação social via redes... muitos conceitos têm muitos nomes... outros nenhum e eles se confundem. Como bons analistas, temos que ver e mostrar tanto as vantagens e as desvantagens, não apenas o saldo final. (Embora tenha focado na desvantagens, me vestido de apocalíptico).
ResponderExcluirEssa rede me trás muitos peixes, também acredito que enriqueça - embora não substitua o 'toque', o 'agarrar'
Grande abraço,
____
Valeu, Mari!! É ótima a sua presença :)
Muito massa mano Well!
ResponderExcluirVou ali con versar com a minha (Pa)rede social.
vai que vai!
Abrax!
Valeu, Jr! Tem poemas novos na rede ! Abraço!
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