São Domingos
Crônica, por Mariana Collares.
Meus domingos são feitos em livrarias. Morri de preguiça em casa e então resolvi tirar o marasmo do corpo indo à “Meca”. À minha: Livraria Cultura, em Porto Alegre. Mal entrei e já me perdi na estante de livros de literatura espanhola. Melhor dizendo: da língua espanhola. Isabel Allende, Cortázar, Octávio Paz, Neruda e tantos outros escritores maravilhosos do mais belo idioma que meus ouvidos já tiveram o prazer de escutar. Procurei, em vão, um livro de O. Paz que procuro há anos, sem sucesso: “A Dupla Chama – Do amor e do Erotismo”. Sinceramente, as livrarias deviam dar prêmios aos clientes que sempre perguntam pelo mesmo livro aos funcionários e que obtêm sempre a mesma resposta: “Está esgotado. Sem previsão de reedição”. Pior é que me mordo de ódio a cada vez que penso que já dei o livro de presente... E a pessoa aqui, em sua santa inteligência e senso de oportunidade, jamais teve a grandeza de espírito de comprar uma edição e guardar para si. Enfim...
Comprei “Paula” – de Isabel Allende, por dois motivos. Primeiro, nunca li um romance da Escritora Chilena, a quem admiro pela fluência das palavras e pela imaginação sem parâmetros. Segundo, porque já ouvi falar no livro, tendo lido trechos dele, quando foi lançado, e sempre esperei o momento certo de lidar com esta história tão triste. E acreditem, há momentos para tudo – até para lermos determinados livros. E imagino que a história dramática de uma mãe aos pés do leito de um filho que agoniza tenha que ser lido em nossa melhor fase. Touchée! Eis-me aqui, com ele. Em edição em espanhol.
No mais, a moça que me serviu o café na loja olhou para meu caderno rosa e me disse que escreve em um igual - este em que escrevo em meu ato diário de “cotidianar” por aí, quando saio a pesquisar o mundo com olhos amanhecidos.
- Eu também tenho um desses!” – falou – “Só que azul”!
- E tu escreves nele também? – indaguei sorrindo.
- Sim, como um diário.
Seguimos numa conversa animada e me perguntou o que eu escrevia. Falei tudinho, “dando nomes aos bois”, e indicando modestamente meu livrinho, ao que ela respondeu: “Claro! Sempre leio o livro dos clientes”!
Sorri. Ela sorriu. Fiquei imaginando os demais escritores, como eu hoje, vasculhando as estantes desta mesma livraria em busca de inspiração, conhecimento e letras. E em busca de gente absolutamente interessante, como a moça do café, que lê livros policiais e adora, e lê enquanto não está atendendo às mesas, e sempre e diariamente, segundo me falou. Uma das tantas “marianas”, como eu, curtindo idéias por aí para as transformar, um dia, em algo que inspire alguns outros. E fico realmente feliz em verificar que, afinal, somos uma grande teia de seres em eterno contato e compartilhamento. E que num domingo qualquer criam letras e as absorvem, numa culinária de pensamentos e divagações. De interações e vivências. E se algum dia eu disse que os domingos me eram tediosos, é porque eu não havia amanhecido o suficiente para olhá-los com olhos sempre novos. Boa semana!
Comprei “Paula” – de Isabel Allende, por dois motivos. Primeiro, nunca li um romance da Escritora Chilena, a quem admiro pela fluência das palavras e pela imaginação sem parâmetros. Segundo, porque já ouvi falar no livro, tendo lido trechos dele, quando foi lançado, e sempre esperei o momento certo de lidar com esta história tão triste. E acreditem, há momentos para tudo – até para lermos determinados livros. E imagino que a história dramática de uma mãe aos pés do leito de um filho que agoniza tenha que ser lido em nossa melhor fase. Touchée! Eis-me aqui, com ele. Em edição em espanhol.
No mais, a moça que me serviu o café na loja olhou para meu caderno rosa e me disse que escreve em um igual - este em que escrevo em meu ato diário de “cotidianar” por aí, quando saio a pesquisar o mundo com olhos amanhecidos.
- Eu também tenho um desses!” – falou – “Só que azul”!
- E tu escreves nele também? – indaguei sorrindo.
- Sim, como um diário.
Seguimos numa conversa animada e me perguntou o que eu escrevia. Falei tudinho, “dando nomes aos bois”, e indicando modestamente meu livrinho, ao que ela respondeu: “Claro! Sempre leio o livro dos clientes”!
Sorri. Ela sorriu. Fiquei imaginando os demais escritores, como eu hoje, vasculhando as estantes desta mesma livraria em busca de inspiração, conhecimento e letras. E em busca de gente absolutamente interessante, como a moça do café, que lê livros policiais e adora, e lê enquanto não está atendendo às mesas, e sempre e diariamente, segundo me falou. Uma das tantas “marianas”, como eu, curtindo idéias por aí para as transformar, um dia, em algo que inspire alguns outros. E fico realmente feliz em verificar que, afinal, somos uma grande teia de seres em eterno contato e compartilhamento. E que num domingo qualquer criam letras e as absorvem, numa culinária de pensamentos e divagações. De interações e vivências. E se algum dia eu disse que os domingos me eram tediosos, é porque eu não havia amanhecido o suficiente para olhá-los com olhos sempre novos. Boa semana!
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Créditos da imagem: Olhares.com
Ateneo, por Eduardo A Barile
Adorei o blog. Ja vi o link muitas vezes, mas so hoje entrei mesmo. Vou te linkar, assim te acompanho sempre.
ResponderExcluirBjx
Roy
Obrigada, Roy. Fico muito feliz! Sempre bem-vindo!
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