O Ato Da Criação
Poemas por, Ianê Mello
O Poema
Poema
quando surges
urges urgências
imediatas
és apressado e deslizas
em palavras
que escorrem
no papel
Inexatamente exato
és perfeito
imperfeito sendo
pois que de pouco
muito se torna
e do muito
faz-se um nada
Poema
és alma lavada
purificada em pranto
Poema és sujo
nas palavras coloridas
em sangue
nas quais te embriagas
e te deleitas
Poema
és rarefeito
quando ar te falta
e ter perdes no vazio
Poema
és sombrio
quando turvado na dor
e te banhas em lágrimas
Poema
simplesmente és
a turbulência do momento
em que aconteces
ou a calmaria
de que por ventura padeces
Poema
simplesmente és
tempo e memória
Poema... expressão da alma
Quando se escreve com a alma
com as vísceras
o poema é puro sentir
Não importa a técnica
a rima, a exata construção
O que importa é a emoção que vibra
É catarse da alma
é sentimento que aflora
de dentro pra fora
colorindo em linhas
o branco e pálido papel
dando-lhe vida
E assim é belo
por sua crueza
Sensibilidade expressa
à flor da pele.
Não há que julgá-lo
Se bom ou ruim
Não há que decifrá-lo
Há, apenas, que senti-lo...
Pó de poesia
Pó
Poeira
Poesia
Palavras na poeira
Poesia em palavras
Palavras em pó
P
O
E
S
I
A
Palavras no vento
Palavras ao relento
Palavras... palavras...
O sangrar poético
Sozinha em meu quarto
as palavras fluem
Um rio de sangue
que escorre quente
em minhas veias
e se derrama no papel
tingindo-o de vermelho-sangue
"Todo escritor precisa de paz para sangrar"
pois nesse momento ele se volta para si mesmo
Absorto em seus pensamentos,
em completo e absoluto silêncio,
ouve as batidas do próprio coração
Suas emoções afloram
Pode ouvir o grito de suas próprias dores,
seus devaneios, suas perdas, seus amores
seus conflitos, suas ilusões
Ele se percebe unicamente humano
Sua solidão se faz sentir
sem as interferências externas
que distraem a mente
e, por vezes, embotam os sentimentos
Nesse profundo encontro consigo mesmo
ele se descobre frágil, só, imperfeito
Caem as máscaras do dia a dia
Agora, é seu verdadeiro rosto que vê no espelho
e se sente nu, desprovido de qualquer proteção
e a ferida, então aberta... sangra.
Sentir poético
Escrever é rasgar os véus
Desvendar mistérios ocultos em minh'alma
Desnudar-me de qualquer roupagem
Num livre processo de criação
Ficar nua, alma limpa, exposta
Entregue à fonte que inspira
As palavras a fluírem no branco papel
Linhas do meu interno
Meu mais profundo êxtase
Onde encontro várias faces
E como minhas as reconheço
Próprias de um ser multifacetado
Escrever é transpor fronteiras
Desvelar sentimentos ocultos
Enxergar-me por dentro...
Minha lucidez, minha loucura
Na força da poesia encontro
Alento ao meu intenso sentir
Expressão pura do meu silêncio
No verbo que ganha vida
*
Crédito de imagem: Pintura de Wladimir "Birth of Lov"
O poema urge quando menos esperamos. Um abraço, Yayá.
ResponderExcluirObrigada pela leitura, Yayá. Bjs.
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