Poemas de Flá Perez
Flá Perez
Intenso
Nós dois,
tramados em cetim violento.
Amor de cortar os pulsos
até chegar no osso.
Amor de olhos inchados
e marcas violáceas no pescoço.
Cama convulsa.
Pulsa
e jorra da pele molhada
combustível
de alta inflamabilidade
Minha beleza fagulha
e explode
tua insanidade.
Tóxica.
Monóxida
de carbono,
mata por asfixia.
Tormento
Fizeste o primeiro corte
dos cem a que tens direito
(tortura indolor, descomedida).
Precisão cirúrgica.
Escondida,
a marca(sanga)
silenciosamente sangra
teu vinho tinto de curare.
Preciso da tua língua
na minha: curativo.
Peciso do teu sexo
que me invade: curetagem.
Senão,
empalideço devagar, Curandeiro.
Morte tardia,
cada corte aos poucos te esvai
e deixará minha boca fria.
E tu escorrerás pelo bueiro.
Dedicatória
Ao falso príncipe, ser incorpóreo,
semi - existente, quase lendário.
Ao imprevisto eclipse
que fingiu ser cúmplice
quando era adversário
e me corrompeu a sensatez
aos poucos.
Ao monstro agreste
que me obrigou a escolher um lado,
esquerdo, direito,
o que importa agora?
Invariávelmente era o lado errado.
Logo eu que sempre fui a Suíça,
virei tirana, doida varrida,
uma desvairada.
Fiz guerras civis, afrontei deuses,
vociferei e comprei brigas.
A ele, muito obrigada.
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