I Concurso Literário Benfazeja

Recomeço


Crônica de Mariana Collares.

Por uma dessas coisas da vida, hoje me deparei com uma constatação: gosto de filmes que tratam de reinícios.

Sabe aquele tipo de filme que fala num mocinho/mocinha que, de repente, é pego numa dessas emboscadas da vida e perde algo que quis muito, e então tem que recomeçar do zero num outro lugar ou de outra forma? Sim, muitas vezes é enredo de comédia-romântica ao melhor estilo “melacueca”, mas gosto. E acho que entendi o óbvio e que estava escancarado em minha cara: já reiniciei tantas vezes, já me resetei, deletei para criar algo novo, refiz sonhos, reestruturei minha auto-estima tantas e tantas ocasiões que acho que, a cada vez que vejo um desses filminhos, algo me conforta lá no cantinho do meu inconsciente.

Não que não haja sofrimento. Toda a mudança causa um certo medo, um frio na barriga e nem tudo dá certo, do jeito que quisemos ou planejamos. Mas essa porção fênix tem feito parte de meu ser desde o início, e acho que me acostumei tanto a me reinventar que hoje aguardo a próxima emboscada com um jeito de quem já foi calejado pelas circunstâncias: calmamente. Mas sim, não sem sofrimento. Afinal, ninguém quer ter que começar tudo de novo. Ninguém quer que um sonho vá pras “cucuias”, habitar aquele lugarzinho da nossa infância em que perdemos nosso bichinho-de-pelúcia e nunca mais o encontramos. E desde então, tivemos que aprender a dormir sós.

Bom, reinício é difícil, faz chorar muitas vezes, dá medo, ânsia, incerteza e até pode nos causar um certo contratempo, até que deixemos que o mundo volte a girar em compasso com nossos atos, mas acho que lá no fim vale a pena.

Se não valer, saibamos: sempre poderemos recomeçar.

*

Crédito da Imagem: Olhares.pt

5 comentários:

  1. Muito bom, recomeçar às vezes se faz mister!

    Victor Martins

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  2. Há sempre uma hora
    De dizer adeus,
    Deixar para trás
    O que já morreu,
    Olhar pra frente
    E ver que a vida
    É sempre
    Um ponto de partida.

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  3. Ás vezes para recomeçar temos que nos encontrar com quem fomos, com a pessoa que ficou lá atrás enquanto seguíamos viagem. Todo recomeço é cercado de esperanças, e quando olhamos para o ponto de partida certamente encontramos muitas respostas para os dilemas do presente. Outro dia escrevi sobre isso no meu blog, num texto intitulado "amnésia"
    http://asomadetodosafetos.blogspot.com.br/2012/06/amnesia.html

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  4. Obrigada pelos comentários, pessoal! Bem-vindos sempre! Abs, Mariana

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  5. Estamos começando uma iniciativa que diz com a ACESSIBILIDADE aqui na Benfazeja. Para aquelas pessoas que tenham dificuldades visuais (ou que curtam apenas ouvir os textos), disponibilizamos o áudio desta crônica, lido por esta que vos fala. É a Literatura Falada! Espero que gostem! Abraços!

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