I Concurso Literário Benfazeja

Poemas de João Nery




SEXTO SENTIDO

ouço tua beleza
no silêncio dos teus olhos
escuto teu perfume
no toque dos teus gestos
degusto com veracidade
cada instante de tua ausência
e com palpável ternura
o não lugar onde existimos.



!

seu vestido feito de mar
tinha estrelas bordadas
duas luas sobre o busto
e na cintura alvoradas

no pescoço ostentava
dois cometas errantes
um colar de pirilampos
e arco-íris de brilhante

seus lábios escondiam
um oasis de ouro raro
mil mistérios envolviam
a dama e seu calvário

e saber que ali estava
uma dríade imaginária
cuja existência atávica
me deixava temerário

foi o sonho acordado
tido por quem sabia
que a ninfa que se via
era a própria poesia.



POEMA OBLIQUO

é madrugada
mas não há madrugada
a noite há muito não dorme
venderam-na como se vendem estrelas mortas
e sexos usados. e carnes. e deuses. e almas de homens.


Biografia
João Nery nasceu em Cururupu, litoral do Maranhão, onde viveu até a adolescência, quando já manifestava inclinação para a literatura. É titular da cadeira n. 18 da Academia de Letras de Ribeirão Preto, membro efetivo da Casa do Poeta e do Escritor-RP e da Federação Brasileira de Alternativos Culturais (Febac/SP). Fundou, com a poetisa Josy Machado, a União dos Escritores Independentes (UEI), da qual é Presidente de Honra. Participou da coletânea Mil Poetas Brasileiros, do Instituto da Poesia Internacional em Porto Alegre/RS, livro que entrou para o Guiness Book — edição 1995; tem um verbete na Enciclopédia da Literatura Brasileira Contemporânea, edição 2006, publicada pela Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias. Premiado em concursos literários em todo o País, tem par ticipação em dezenas de antologias nacionais e internacionais.
Obras publicadas: VIAS (1999), REVERSO (2004) e CONTOS EM PALAVRAS CONTADAS (2009).
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Crédito da imagem: Olhares.pt
É a finitude que enternece, por Sónia Cristina Carvalho

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