Poemas: sítios
Poemas de Wellington Souza
Em março de 2011 postei, aqui na revista, alguns poemas que dialogam com a nossa relação (com e no) espaço virtual - mais especificamente com/nas redes sociais "Poemas: touch em rede". Nessa postagem, os poemas traziam visão pessimista (apocalíptica?) de como as chamadas novas mídias afetam os relacionamentos - principalmente amorosos - em nosso tempo.
Mas os poemas de hoje dão uma visão mais ampla da integração com o "ciber-espaço" e oposta à anterior: a visão que é vendida pelas companhias telefônicas e fabricantes de smartphones. Em versos soltos há esperança que o touch dê as mesmas sessações que o toque e também leves paródias do cotidiano dividido entre o biológico e o software.
Em Sítio Seguro, a brincadeira começa pelo título. Em Portugal, sítio designa tanto espaços reais quanto virtuais e, pensando nisso, usei a famosa expressão porto seguro para ressaltar a importância dos sítios virtuais no dia-a-dia moderno (como observado no corpo do poema).
Fiquem agora com o que interessa :)
Versos soltos
Se fecho os olhos
sua imagem
é o meu descanso de tela
Eu fui para ela
meia hora jogada
de paciência
No milionésimo de segundo
entre o despertar e o abrir de olhos
entre o call e o tuuuu
já sinto você
Antes de dormir
revejo todos os vídeos e fotos do dia
- oxalá pudesse salvar somente as boas
Sítio Seguro
A noite baixou poluída
brancura fosca
e densa
que aumenta a resistência do ar
enquanto caminho apressado pelos corredores dessa Cidade-Estado
Partículas
pairam
meladas
- melando
Então paro
acendo um cigarro
e te mando um tweet
*
Créditos da imagem: Olhares.pt
iPhone Ad, por João Pinheiro
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