Pássaro Ferido

Poema de Leila Krüger
É tão triste deixar o que faz parte de nós...
é tão triste viver de pedaços que faltam
de momentos que faltam, de sonhos que não voltam
e de fins de tarde que não entendem.
É tão triste viver de palavras que ecoam em nuvens
de olhos que habitam portas
e de bocas que se perderam para sempre.
E viver ausente...
É tão triste encerrar a alegria nas copas das árvores antigas
que um dia abraçaram...
É tão triste deixar, deixar, deixar o que não se vai.
É tão triste a gelidez de ir embora, e se despedir do amor como um estranho
que apenas passava e que não nos amava.
Eu sentirei falta e frio
como quem busca o fogo na noite vadia...
haverá noites de gelar.
Eu serei outra. Eu serei triste, às vezes
e recolherei minhas lágrimas
ainda que não caiam, em mãos de anjos que tentarei afagar.
Eu sei, irei chorar um pouco mais...
e serei como pássaro ferido que insiste em voar
e voarei sempre ao mesmo lugar... infinita saudade.
(Do livro "A Queda da Bastilha", editora Confraria do Vento, 2012)
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Créditos da imagem: Olhares.com
Um fim de tarde, por Júnia Menezes
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