Poemas de Caio Tardelli
INDIGÊNCIA
A beleza que permeia todo o céu lacrimal
É a minh'alma irmã, os passos não hesitados...
O vil destino que o célico testemunhal
Me traçou tem o fulgor dos abandonados.
A saudade, altivo farol do mar sepulcral,
É a sombra transfigurante dos meus passados.
Vacilante, mal tenho a lembrança do Ideal
Sonhado para os meus caminhos fanados.
Ainda as estrelas me reclamam risonhas,
Espargindo os brilhos celestiais, exilantes,
Aos cânticos das suas esperanças enfadonhas...
Dizem: “Que esperas tu, ó tu que pouco sentes?”
Digo: “Espero a estrada que cá via antes,
Na serena solitude dos rubros poentes...”
13/06/2012
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ALEGORIA DO DESTINO
Minhas visões! Entrai, entrai, não tenhais medo!
Antônio Nobre
Choras, enfim, o pranto desmedido
E vês, desesperadamente,
O imaginário tempo ido
A desfolhar-se, lentamente...
Tudo foi, e ainda era,
Uma ingênua quimera!
Vê! Nem o teu maior sorriso
Brotou nas plagas infantes,
Ou em algum tempo dantes,
Em um solitário paraíso!
O teu amor primeiro!
Fita-o bem... Ei-lo morto
Qual o derradeiro...
(Não vês o grande porto
Dos teus sonhos
Risonhos
Bem longe daqui?...)
Ah! a dor é o último íntimo que te sorri,
E nem a tua sombra
Há de ficar por aqui
Como essa dor que te assombra.
Os caminhos obstados
Pela saudade que se junca,
Esses caminhos deificados,
Fecharam-te ao nunca...
Pois vê como, em horror, a alegoria
Dos segundos
Tornou a tua alegria
O mais funesto dos mundos...
E como enxergas agora,
A toda hora,
Em todo brilho,
Um punhado de terra
Que encerra
Um morto filho!...
08/05/2013
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INCOMPLETUDE
Eu, contemplador da desolação,
Tenho para o céu os olhos postos,
Como postos para um coração
Os mil mistérios dos sóis-postos;
Tenho ilusões que se vão na luz
Que é a união de toda a mágoa...
Eu, mago servil da rude paixão,
Vejo onde o sonho deságua -
E tenho os meus olhos, antes nus,
Pesados como lentas pedras n'água...
03/06/2012
Caio Tardelli
paulistano, nasceu em 1990. Estreou com a "Poética das Quimeras" (2012), do selo Futurarte (Editora Multifoco); figurou em antologias das editoras Andross ("Ecos da Alma", 2010) e da Regência ("Âmago", 2011), e participou de concursos literários, como o XXII Moutonnée de Poesia (3ª Posição - 2012).
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Créditos da imagem: (pode deixar que eu preencho isso)
Esposa, por Alexandra Blum
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