Poemas de Régis Mesquita
ÚLTIMO
último.
letras grade sem polidez.
na palavra havia uma seriedade:
o último abraço
a voz, sempre rígida:
o último encontro.
seu indestrutível empreendedorismo de catástrofe:
o último jantar em família.
a sua, final, força grave insidiosa:
a última vez.
*
PALPITE
Meu palpite anda dando voltas:
ora diz que a vida é riste,
ora diz que a vida é nada.
(como se nada já não fosse palpite)
desta tola saga,
destoa,
o nada
entre jazigos e muralhas,
se abstém da farsa
e bravio desata:
nada só é nada
quando está
a
bando
nada.
*
SORRISO
a tristeza me olha um olho profundo
ri e desdenha
um riso corte.
Como se sorrindo,
me inventasse um sonho bom.
devolvo à ela
um riso língua –
daqueles que insistem em dizer não.
ela, insiste:
me abraça forte
como a uma morte.
sem perceber,
corro dela
(como quem corre da vida)
e digo não
aos seus caprichos:
só
riso
outra vez.
*
V
entre o v
e o entre v
move
o
remo v.
*
MAIS AMENOS
mais ou menos
mais amenos
ou menos amenos,
por mais que menos seja mais:
não sejamos menos que mais
ensejemos sempre o mais ao menos:
não o mais do mesmo
por mais ou por menos
sejamos mais que menos:
mais amemos.
Régis Mesquita,
27, é estudante de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). É autor de "Intermitências" (poemas), lançado pela Agbook, em 2013. Possui um blog de poesia (regismesquita) e uma fan page dedicada a Paulo Leminski (leminskiando).
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Créditos da imagem: (pode deixar que eu preencho isso)
V - Red handwritten letters over white background, por Roman Sigaev
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