I Concurso Literário Benfazeja

Sobre o escritor, a...




.. personagem e a estranheza de uma imagem poética. Por Rosane Tesch 

Toda obra tem um objetivo e baseando-se nesse objetivo, ou melhor, na "pretensão" dessa obra, é possível compreendê-la.


O irrealismo de uma personagem poética pode não estar na sua apresentação enquanto obra, mas na sua inverossimilhança, se aplicado fora do contexto de sua época. A realidade e a ficção não têm limites reais que as separem ou estabeleçam ordens exatas de produção. O que pode ser visto como verdadeiro hoje, amanhã não passará de mais uma das verdades possíveis dentre tantas possibilidades.

Nas diferentes fases históricas o conceito de criação difere na sua, digamos, fórmula básica. Se no período Barroco, por exemplo, a técnica de emulação não só procedia como havia estímulo em se imitar, superando o imitado, na fase romântica, o mito da originalidade era fator central para a criação.

Em A República (Livro X), Platão questiona a possibilidade de se permitir a permanência da literatura em uma Pólis perfeita. Sua visão quanto ao que era real e possível, numa busca da essência de todas as coisas, não permitia que a arte passasse de um espelho, extremamente afastada do real. Representar a realidade tanto para quem a produz quanto para quem a aprecia envolve uma série de questões objetivas e subjetivas, que vão desde a época em que se produziu uma determinada obra até o tipo de público que o autor, então, objetivou conquistar.

Se por um lado um bom escritor não utilizaria em sua obra personagens, fenômenos, coisas, dentro de um contexto de idéias opostas, um leitor deve, previamente, estar inserido no contexto proposto pelo autor e por sua obra, só então poderá compreendê-la. O conceito de verdade inserido em cada um de nós é fornecido pela visão que temos acerca do mundo. Hoje, envolvidos num ideal de cientificidade absoluta e incontestável, buscamos sempre soluções imediatas e à toda prova. Portanto, nada mais apreciável que buscar nos limites da ficção a subjetividade e imaginação que nos permitam observar sob outros ângulos e pontos de vista a mesma realidade. Aprender a ver com o olhar do outro.

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Um comentário:

  1. Passei para conhecer seu blog
    Super interessante...
    Te sigo com carinho
    Abraços
    Preciosa Maria

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