Conversas Literarias: Poesia I
Conversas literárias, por Iracy de Souza
Quem?
Para que serve esta labuta errônea
do coração ao que jamais se doma?
Quem dá partida à trama do desejo
que se estende ao acaso e ao ensejo
de um domador que dorme com a loucura?
E quem amarra os nós dessa costura
num tecido que o próprio tempo esgarça
como se feito em linhas de fumaça?
Salgado Maranhão
Para que serve esta labuta errônea
do coração ao que jamais se doma?
Quem dá partida à trama do desejo
que se estende ao acaso e ao ensejo
de um domador que dorme com a loucura?
E quem amarra os nós dessa costura
num tecido que o próprio tempo esgarça
como se feito em linhas de fumaça?
Salgado Maranhão
Gostaria de dedicar às postagens desse mês de maio a querida professora Marilena Ramos Barbosa, historiadora e professora da UERJ que nos deixou este início de ano. Seu estudo da história trabalhista do Brasil é referência. Sua tese de doutorado “Um teto para os trabalhadores” resume seu senso de justiça aguçado.
Conversas Literárias homenageia Eduardo Lourenço, aniversariante do mês de maio. (23/05) Ele completou 88 anos de vida, alguns desses, nos ajudando a entender a história de Portugal. Victor da Rosa, em Configurações da ausência (ou: a saudade portuguesa segundo Alexandre Herculano), trata a modernidade como o tempo das vanguardas e das rupturas - das utopias e faz referencia ao trabalho de Lourenço procurando entender O crítico português “como aquele que escreve para perseguir uma questão que, parece- lhe atormenta: o culto da nação portuguesa ao passado.” Seus títulos possuem uma espécie de manifesto que reclama um olhar português para o futuro. Victor Rosa acrescenta que o critico “investiga, com precisão, certo vario que a cultura portuguesa carrega, certa saudade-sei-lá-de-quê.”
A psicanálise aos poucos usurpa uma parte de meu coração e quero travar aqui um diálogo com todos aqueles, que de certa forma, se dedicam igualmente, à teoria lacaniana. Nos diversos estágios de entendimento que são próprios das leituras. Na UERJ, possuímos uma extensão de que tem como tema os Fundamentos da Psicanálise e os utilizamos para as leituras de diferentes Literaturas. Essa Extensão é coordenada pela Profª. Drª Nadiá Paulo Ferreira e profissionais de diversas áreas do conhecimento compõem o nosso estimado grupo. O Artigo de Lacan: O Mito individual do neurótico ou poesia e verdade na neurose, editado pela Jorge Zahar, certamente, será de grande uma leitura que nos estimulará, ainda mais, em nossa trajetória.
Conversamos também através da poesia de Salgado Maranhão. "Salgado é um dos mais brilhantes poetas de sua geração e possui um trabalho de linguagem muito especial." Lembra Ferreira Gullar. Luiz Fernando Valente, professor da Brown University, em seu artigo O traço apolíneo de Salgado Maranhão. Fala da vida do poeta e de sua obra como um todo, apresenta a leitura que faz de cinco poemas. Em seu entendimento, “a poesia de Salgado Maranhão se origina do engajamento com o quotidiano, da aceitação agônica da materialidade do corpo e de uma profunda consciência da fugacidade do tempo, da precariedade da existência e da inventabilidade da história. Uma poesia apolínea no sentido mais profundo de Nietzsche empresta ao termo.”
Apresentação feita, hora de nos encantarmos com sua poesia que dá nome a seu livro, publicado pela Imago, em 2009.
Conversas Literárias homenageia Eduardo Lourenço, aniversariante do mês de maio. (23/05) Ele completou 88 anos de vida, alguns desses, nos ajudando a entender a história de Portugal. Victor da Rosa, em Configurações da ausência (ou: a saudade portuguesa segundo Alexandre Herculano), trata a modernidade como o tempo das vanguardas e das rupturas - das utopias e faz referencia ao trabalho de Lourenço procurando entender O crítico português “como aquele que escreve para perseguir uma questão que, parece- lhe atormenta: o culto da nação portuguesa ao passado.” Seus títulos possuem uma espécie de manifesto que reclama um olhar português para o futuro. Victor Rosa acrescenta que o critico “investiga, com precisão, certo vario que a cultura portuguesa carrega, certa saudade-sei-lá-de-quê.”
A psicanálise aos poucos usurpa uma parte de meu coração e quero travar aqui um diálogo com todos aqueles, que de certa forma, se dedicam igualmente, à teoria lacaniana. Nos diversos estágios de entendimento que são próprios das leituras. Na UERJ, possuímos uma extensão de que tem como tema os Fundamentos da Psicanálise e os utilizamos para as leituras de diferentes Literaturas. Essa Extensão é coordenada pela Profª. Drª Nadiá Paulo Ferreira e profissionais de diversas áreas do conhecimento compõem o nosso estimado grupo. O Artigo de Lacan: O Mito individual do neurótico ou poesia e verdade na neurose, editado pela Jorge Zahar, certamente, será de grande uma leitura que nos estimulará, ainda mais, em nossa trajetória.
Conversamos também através da poesia de Salgado Maranhão. "Salgado é um dos mais brilhantes poetas de sua geração e possui um trabalho de linguagem muito especial." Lembra Ferreira Gullar. Luiz Fernando Valente, professor da Brown University, em seu artigo O traço apolíneo de Salgado Maranhão. Fala da vida do poeta e de sua obra como um todo, apresenta a leitura que faz de cinco poemas. Em seu entendimento, “a poesia de Salgado Maranhão se origina do engajamento com o quotidiano, da aceitação agônica da materialidade do corpo e de uma profunda consciência da fugacidade do tempo, da precariedade da existência e da inventabilidade da história. Uma poesia apolínea no sentido mais profundo de Nietzsche empresta ao termo.”
Apresentação feita, hora de nos encantarmos com sua poesia que dá nome a seu livro, publicado pela Imago, em 2009.
A cor da Palavra
Poeta é o que esplende
a labareda entranhada
ao rugir
das pequenas agonias.
Assim se erguem
(em meio ao tropel dos dias)
as cidades da memória:
contêineres feitos de gestos,
palavras incendiadas de milagres;
assim se alumbra o coração
em seu charco de prímulas:
este atol que atou-me
à borda do deserto e ao sangue
em que partilho
estas horas carnívoras,
tangido a barlavento
Por minhas perdidas ítacas.
A ilustração da seção pertence a Marina Moysés Blinder.
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