Poemas, 'início' ou '2002'
Poemas, por Wellington Souza
Ninguém gosta de mim como eu gosto
e como eu gosto de ninguém!
e como eu gosto de ninguém!
Mais três poemas retirados da revisão que tenho feito das minhas primeiras anotações. Estes são do caderno Poemas de Aprendiz, uma homenagem aos Conto de Aprendiz, de C. Drummond. Foram escritos no ano de 2002 (eu tinha 18 anos) e são, de certa maneira, um registro dos encontros e desencontros próprios dessa idade.
Sagrado
Menina, depois que nos desviamos
– imagine só!
Me perdi.
Talvez como Gepetto, que
depois de ter perdido Pinóquio
fez, em troncos de carvalho
inúmeros bonecos-clones.
Mas estes, inertes...
sem coração...
sem brilho...
sem alma...
Esses bonecos são como as outras mulheres perto de ti.
Diana (gatinha)
A gatinha
de olhos adianados
brincava com o peixe-beta
já moribundo, no carpete.
Depois de comê-lo
espreguiçou-se e, com aqueles olhinhos
sentou-se ao lado do menino que chorava seu amigo...
Ele a perdoou.
Ninguém
Ninguém me beijou e me abraçou
ninguém gosta de deitar no meu colo
de beber salgadinho e comer coca-cola.
Ninguém gosta de me pegar distraído
me ver fazer aquelas besteiras que a gente faz caladinho.
Ninguém gosta de me beijar à toa
me dar sustos e brincar feito leoa.
Ninguém me contou segredos de infância
me contou que ela, menina, roubava sorvete do armazém do pai,
que tinha insetos-amigos e os batizava com nomes bíblicos.
Ninguém é um emaranhado de filosofia
fútil ao meu gosto.
Ninguém gosta de mim como eu gosto
e como eu gosto de ninguém!
Ninguém se foi
mas, para ser sincero,
acho que ninguém esteve aqui de verdade.
Ninguém mora no meu coração.
*
Créditos da imagem: Olhares.com
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