Trinta Segundos
Conto, por Giselle Jacques
Ele chegou ao local combinado. Esperou. Começo a bater nervosamente o pé na calçada. Olhou o relógio: eram oito e um.
Ela não vem- pensou.
Ela sempre fazia isso. Atrasava-se para tudo. Haviam combinado um encontro naquele lugar exatamente às oito horas da noite. Já se passara um minuto inteiro e ela não tinha vindo. Ele, com sua pontualidade britânica - mesmo porque era neto de ingleses -, perturbava-se com aqueles constantes lapsos. Não era admissível que um homem de seu gabarito ficasse por mais de um minuto parado no mesmo lugar, esperando por ela e tornando-se alvo dos olhares de quem passava.
Era essa a impressão que tinha. Todos os que cruzavam por ele pareciam fazer pouco de sua condição de espectador. Poderiam estar pensando: Olhem lá aquele homem. Está parado a um minuto esperando sua companheira.
Irritou-se. O pé já doía de tanto bater na calçada. Olhou ao redor, ajeitou a gravata e consultou novamente o relógio. Pigarreou, ergueu-se o mais que pôde e saiu a passos largos pela mesma direção que viera. Estava tão furioso que nem percebeu outros passos, mais atrás, no mesmo ritmo que os seus.
Trinta segundos depois, ela chegou ao local combinado. Esperou. Começou a bater nervosamente o pé na calçada. Olhou o relógio: eram oito e dois.
Ele não vem.
Ela não vem- pensou.
Ela sempre fazia isso. Atrasava-se para tudo. Haviam combinado um encontro naquele lugar exatamente às oito horas da noite. Já se passara um minuto inteiro e ela não tinha vindo. Ele, com sua pontualidade britânica - mesmo porque era neto de ingleses -, perturbava-se com aqueles constantes lapsos. Não era admissível que um homem de seu gabarito ficasse por mais de um minuto parado no mesmo lugar, esperando por ela e tornando-se alvo dos olhares de quem passava.
Era essa a impressão que tinha. Todos os que cruzavam por ele pareciam fazer pouco de sua condição de espectador. Poderiam estar pensando: Olhem lá aquele homem. Está parado a um minuto esperando sua companheira.
Irritou-se. O pé já doía de tanto bater na calçada. Olhou ao redor, ajeitou a gravata e consultou novamente o relógio. Pigarreou, ergueu-se o mais que pôde e saiu a passos largos pela mesma direção que viera. Estava tão furioso que nem percebeu outros passos, mais atrás, no mesmo ritmo que os seus.
Trinta segundos depois, ela chegou ao local combinado. Esperou. Começou a bater nervosamente o pé na calçada. Olhou o relógio: eram oito e dois.
Ele não vem.
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Créditos da imagem:
Sapato velho, por Vinicius Carneiro
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