Por uma leitura melhor
Artigo,por Rommel Werneck.
Se existe algo que me preocupa muito na atualidade são as famosas campanhas de “incentivo” à leitura promovida por ONGs, entidades sociais e editoras. Dizer para nossas crianças, adolescentes e adultos apenas que ler é fundamental não vai levar ninguém a lugar nenhum. Mais do que ninguém, o analfabeto normal (aquele que não sabe ler o próprio nome) conhece a importância que a leitura exerce no mundo.
Essa visão colorida de que “leitura e ponto final resolvem o mundo” é uma concepção ignorante e analfabeta. Sem a distinção ESSENCIAL de informação e conhecimento não conseguiremos fazer nada! Informações são dados, pistas, fragmentos, já o conhecimento é a capacidade de o indivíduo leitor de decifrar os códigos e ver sentido neles, perceber intertextualidades, a intenção e influência do autor, a relação entre leitura e escrita, as possibilidades de resposta, eco, causas, consequências, perceber o contexto político e social, enfim, um oceano de sentidos.
Durante séculos, ler era um privilégio de pouquíssimas pessoas, mas ao contrário da Idade Média em que tínhamos pelo menos piedosos monges copistas, belíssimas igrejas e vestimentas, a atualidade brasileira nos amaldiçoa com um feudo em que a burrice e a vulgaridade são as bruxas heréticas sempre bem-vindas. Como todos deveriam saber, a nossa sociedade está passando por um senhor processo de desintelectualização, são muitas “músicas” pornográficas incitando a violência à mulher, citações preconceituosas, certos livros de pseudo-ciência sem evidências, livros caríssimos de autosuicídio pregando que o leitor se torna deus usando o maldito pensamento positivo, várias manipulações e invocações à promiscuidade promovida pela mídia, Academia Brasileira dos Panfletos reconhecendo o futebol brasileiro como poesia, entre outras situações piores... E fica a pergunta? Você vai dizer que “ler muda” e só?
Sem a distinção já comentada, sem o senso crítico, sem a perspicácia e sem cuidado, você entrega à pessoa uma arma para se matar. Oras, ninguém está clamando para tais campanhas explicarem as coisas da vida, mas é sim obrigatório ensinar a leitura crítica, o poder de mudança da escrita e o caráter contestador para os leitores e, principalmente, para os professores, já que as maiores palestras são direcionadas a tal público formador de leitores. Na salada da diversidade dever-se-ia também valorizar a leitura de textos não-verbais e sua enorme contribuição para a raça humana, o trabalho com melodias, quadros, esculturas, prédios, roupas etc. Tudo isto para que os próprios leitores conseguissem perceber o contexto atual e ter as suas próprias conclusões.
E qual é a conclusão que nós tiramos? Que a maior campanha de incentivo à leitura e escrita é o sistema de ensino! Todos os conteúdos citados acima deveriam ser aplicados durante a sala de aula e para isso, é evidente que precisam ser resolvidos os inúmeros problemas como a violência escolar (do aluno ao professor) e a falta de criatividade de certas aulas em conseqüência disso. E as campanhas? Não digo que todas as campanhas de incentivo à leitura sejam tão vazias, mas que muitas são, isso são! Mas o que deve ser feito?
Os movimentos de incentivo à leitura precisam crescer em qualidade de suas palestras aos docentes se adequando às propostas apresentadas neste texto e lutar por um ensino de qualidade que minimize as perdas leitoras. Leitura e escrita são práticas saudáveis, prazerosas e a ponte para o conhecimento e é justamente disto que certas palestras estão se esquecendo, as diversas formas de ler e escrever. Combater o analfabetismo funcional que muitas pessoas desconhecem o significado é urgente assim como observar com cautela a obsessão pelos 140 caracteres do twitter, a inadequação do internetês e seus abusos, eliminar o mecanismo da fala de operadores oprimidos de telemarketing e criticar a última ação da Academia Brasileira de Panfletos que desestimulou a produção literária no país, entre outras medidas.
Sim, muitas coisas há para fazer, afinal, quem coordena os projetos de leitura sabe muito bem ler e interpretar os editais do governo e concursos, nada mais justo que ensinar o mesmo para os outros.
*Essa visão colorida de que “leitura e ponto final resolvem o mundo” é uma concepção ignorante e analfabeta. Sem a distinção ESSENCIAL de informação e conhecimento não conseguiremos fazer nada! Informações são dados, pistas, fragmentos, já o conhecimento é a capacidade de o indivíduo leitor de decifrar os códigos e ver sentido neles, perceber intertextualidades, a intenção e influência do autor, a relação entre leitura e escrita, as possibilidades de resposta, eco, causas, consequências, perceber o contexto político e social, enfim, um oceano de sentidos.
Durante séculos, ler era um privilégio de pouquíssimas pessoas, mas ao contrário da Idade Média em que tínhamos pelo menos piedosos monges copistas, belíssimas igrejas e vestimentas, a atualidade brasileira nos amaldiçoa com um feudo em que a burrice e a vulgaridade são as bruxas heréticas sempre bem-vindas. Como todos deveriam saber, a nossa sociedade está passando por um senhor processo de desintelectualização, são muitas “músicas” pornográficas incitando a violência à mulher, citações preconceituosas, certos livros de pseudo-ciência sem evidências, livros caríssimos de autosuicídio pregando que o leitor se torna deus usando o maldito pensamento positivo, várias manipulações e invocações à promiscuidade promovida pela mídia, Academia Brasileira dos Panfletos reconhecendo o futebol brasileiro como poesia, entre outras situações piores... E fica a pergunta? Você vai dizer que “ler muda” e só?
Sem a distinção já comentada, sem o senso crítico, sem a perspicácia e sem cuidado, você entrega à pessoa uma arma para se matar. Oras, ninguém está clamando para tais campanhas explicarem as coisas da vida, mas é sim obrigatório ensinar a leitura crítica, o poder de mudança da escrita e o caráter contestador para os leitores e, principalmente, para os professores, já que as maiores palestras são direcionadas a tal público formador de leitores. Na salada da diversidade dever-se-ia também valorizar a leitura de textos não-verbais e sua enorme contribuição para a raça humana, o trabalho com melodias, quadros, esculturas, prédios, roupas etc. Tudo isto para que os próprios leitores conseguissem perceber o contexto atual e ter as suas próprias conclusões.
E qual é a conclusão que nós tiramos? Que a maior campanha de incentivo à leitura e escrita é o sistema de ensino! Todos os conteúdos citados acima deveriam ser aplicados durante a sala de aula e para isso, é evidente que precisam ser resolvidos os inúmeros problemas como a violência escolar (do aluno ao professor) e a falta de criatividade de certas aulas em conseqüência disso. E as campanhas? Não digo que todas as campanhas de incentivo à leitura sejam tão vazias, mas que muitas são, isso são! Mas o que deve ser feito?
Os movimentos de incentivo à leitura precisam crescer em qualidade de suas palestras aos docentes se adequando às propostas apresentadas neste texto e lutar por um ensino de qualidade que minimize as perdas leitoras. Leitura e escrita são práticas saudáveis, prazerosas e a ponte para o conhecimento e é justamente disto que certas palestras estão se esquecendo, as diversas formas de ler e escrever. Combater o analfabetismo funcional que muitas pessoas desconhecem o significado é urgente assim como observar com cautela a obsessão pelos 140 caracteres do twitter, a inadequação do internetês e seus abusos, eliminar o mecanismo da fala de operadores oprimidos de telemarketing e criticar a última ação da Academia Brasileira de Panfletos que desestimulou a produção literária no país, entre outras medidas.
Sim, muitas coisas há para fazer, afinal, quem coordena os projetos de leitura sabe muito bem ler e interpretar os editais do governo e concursos, nada mais justo que ensinar o mesmo para os outros.
Créditos da imagem: Olhares.com
Viajando através da leitura., por ELTON FERNANDO DAMASIO
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