As amputações do emputecer
Conto, por Gil Rosza.
Nem sempre é possível não emputecer diante de momentos emputecedores, mas durante o processo, pode ser uma boa tentar poupar aqueles que nada tem a ver com o emputecimento. Os que orbitam decadentes corpos em delito e mentes cheias de conflitos, autossabotagens, bipolaridades e conclusões, algumas delas precipitadas, às vazes bebem sem querer um golinho do copo de cólera do transtornado. Isto acaba sendo não muito justo, pois não são eles as causas das frustrações pontiagudas que atormentam os que se emputecem.
Infelizmente, desemputecer totalmente e evitar descontar em outros uma dívida que não é deles, não é pra todos.
Fazer desta habilidade um hábito é tarefa das mais difíceis para os de baixa resistência à frustrações e perfeccionistas em geral, mas o curioso sobre o gatilho do emputecimento é que ele costuma ser disparado sempre na hora errada, criando situações desgastantes com as pessoas alvejadas. Quando estas não são bastante pacientes, compreensivas ou amigonas do peito, quase sempre, o resultado gera um pequeno afastamento defensivo, que pode se tornar grande e permanente dependendo da constância com que se faz uso da metralhadora giratória cheia de mágoas.
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Ilustração: Luke Bott
Conheço isso. No meu caso, chama-se TPM.
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