Reforma o quê?
Crônica, por Mariana Collares
Aí o ser amado olha pra você e diz:
- Estou apaixonado!
E você acha que ganhou na loteria.
Fica toda prosa, feliz da vida, pensando e fazendo mil planos de amor-eterno, como se o tempo e o espaço fossem meros coadjuvantes nessa coisa louca chamada paixão. Mas então vem a revelação:
- O problema é que também amo outra mulher.
(silêncio)
- .............Oi?????
- Sim, meu coração tem muitos espaços, e aparentemente estou apaixonado por vocês duas.
Pára e respira. Não, você não está saindo de um filme do Hitchcok ou de uma comédia-pastelão dos três patetas. É isso mesmo o que você ouviu. O coração do bonito é compartimentado. E aparentemente nesse latifúndio-produtivo a reforma agrária beneficiou a duas mulheres distintas. Isso sem contar na mãe, avó e irmãs... Mas isso é outro papo, ou outro terreno...
A dica agora é respirar fundo e tentar não chorar. Rir também não. Afinal, ele tá achando que é bem sério e parece que acredita mesmo nisso.
E então você, quando puder concatenar “lé com cré” e pronunciar alguma coisa em vernáculo, poderá olhar para o rapaz e dizer: - E DESDE QUANDO ISSO É PROBLEMA MEU, HEIN????
Ah, peraí... Até posso acreditar em amor-universal, mas vamos combinar? O que ele pensa que eu vou fazer com isso??? Dizer: “Claro, amor”! Vou adorar fazer compras com ela” ou “Eu quero os dias pares!”...
“Helouuuu”!!!
Se o sortudo tem dois amores, poxa, que se decida lá sozinho, no escuro do quarto ou num consultório médico. Eu e ela é que não temos necessidade alguma de segurarmos o rojão e tirarmos a sorte no palitinho...
Bom, como não espero viver pra ouvir tudo nessa vida, já estou com medo do que vem em seguida. É possível que ele queira incluir uma ONG na coisa toda e distribuir afeto-romântico por aí às necessitadas. Ou então nos convide para formarmos uma comunidade a três, ao estilo poligamia hippie anos-setenta- hoje novamente em moda.
Se há ou não possibilidade física de isso ocorrer, eu não sei. O que sei ou pressinto dessa coisa toda chamada amor (que pra mim continua sendo um mistério) é que não quero ficar dividindo as atenções do ser amado com ninguém. Muito menos a cama. Então o negócio é andar no sentido da fila porque eu não vou ficar aqui esperando que surja uma terceira... Quem sabe ele queira montar um time de futebol de sete... Vai saber...
O meu coração é que não vai ser a bola.
- Estou apaixonado!
E você acha que ganhou na loteria.
Fica toda prosa, feliz da vida, pensando e fazendo mil planos de amor-eterno, como se o tempo e o espaço fossem meros coadjuvantes nessa coisa louca chamada paixão. Mas então vem a revelação:
- O problema é que também amo outra mulher.
(silêncio)
- .............Oi?????
- Sim, meu coração tem muitos espaços, e aparentemente estou apaixonado por vocês duas.
Pára e respira. Não, você não está saindo de um filme do Hitchcok ou de uma comédia-pastelão dos três patetas. É isso mesmo o que você ouviu. O coração do bonito é compartimentado. E aparentemente nesse latifúndio-produtivo a reforma agrária beneficiou a duas mulheres distintas. Isso sem contar na mãe, avó e irmãs... Mas isso é outro papo, ou outro terreno...
A dica agora é respirar fundo e tentar não chorar. Rir também não. Afinal, ele tá achando que é bem sério e parece que acredita mesmo nisso.
E então você, quando puder concatenar “lé com cré” e pronunciar alguma coisa em vernáculo, poderá olhar para o rapaz e dizer: - E DESDE QUANDO ISSO É PROBLEMA MEU, HEIN????
Ah, peraí... Até posso acreditar em amor-universal, mas vamos combinar? O que ele pensa que eu vou fazer com isso??? Dizer: “Claro, amor”! Vou adorar fazer compras com ela” ou “Eu quero os dias pares!”...
“Helouuuu”!!!
Se o sortudo tem dois amores, poxa, que se decida lá sozinho, no escuro do quarto ou num consultório médico. Eu e ela é que não temos necessidade alguma de segurarmos o rojão e tirarmos a sorte no palitinho...
Bom, como não espero viver pra ouvir tudo nessa vida, já estou com medo do que vem em seguida. É possível que ele queira incluir uma ONG na coisa toda e distribuir afeto-romântico por aí às necessitadas. Ou então nos convide para formarmos uma comunidade a três, ao estilo poligamia hippie anos-setenta- hoje novamente em moda.
Se há ou não possibilidade física de isso ocorrer, eu não sei. O que sei ou pressinto dessa coisa toda chamada amor (que pra mim continua sendo um mistério) é que não quero ficar dividindo as atenções do ser amado com ninguém. Muito menos a cama. Então o negócio é andar no sentido da fila porque eu não vou ficar aqui esperando que surja uma terceira... Quem sabe ele queira montar um time de futebol de sete... Vai saber...
O meu coração é que não vai ser a bola.
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Créditos da imagem: Site olhares - fotografia online
As Duas Flores..., por Catia Susana.
A gente pensa que só vê isso em ficção. Nada disso. Já presenciei histórias bem próximas, que duraram anos.
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