Poemas

Poemas de João Carlos Brito Araújo
Náufrago
Somente os sonhos são reais
A realidade perdeu a cor
Depois que a beira do cais
Naufragou mais um amor
Sigo numa esfera celeste
E no peito de quem partia
Tenho o sal que tu me deste
Num oceano de euforias
De onde minha alma naufragada
Juntou os escombros da jangada
Que foi o barco dos nossos dias
Sigo o fluxo deste rio a sonhar
Lavo os meus sonhos de ti
Deixo as minhas mágoas no mar
Escuridão
Nessas noites
Inertes e tortuosas
Em que o teu amor
Não me basta
Abraço-te e a dor
Insistente, silenciosa
Apaga a singela flor
Dessa coisa tão vasta
E deixo a escuridão
Chegar devagarzinho
Aquietando o sentir
Colorido de dissabor
Para que o cinza
Se tinja de dia
E me traga a alegria
De bastar-me o teu amor
A sombra
Cada ser possui uma sombra
Que a si caminha atada
Como galhos de um corpo
De uma alma ramificada.
E nos passos que a sombra pisa
Tinge com sua cor a fantasia
No coração de quem é fraco
A sombra se delicia
João Carlos Brito Araújo
Autor teatral, poeta e ator. Membro da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Tetrais). Participação em duas Antologias poéticas pela editora Novas Letras.
Créditos da imagem: Olhares.com
saber a mar, por Sónia Guerreiro
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