I Concurso Literário Benfazeja

Em busca do meu Natal



Crônica de Giovana Damaceno!

Todo ano, quando escrevo sobre fim de ano, meus leitores ficam meio aborrecidos comigo. Acostumados às crônicas alto astral e ao modo bem humorado de encarar a vida e suas vicissitudes, nesta época sempre dou um passo atrás. Reclamo um bocado das insanidades vistas nas ruas e no verdadeiro festim em que se transformou a noite de Natal. A mesma que minha mãe me ensinou que deveria ser um momento reflexivo, de meditação, oração, união em família e renovação dos laços de amor entre as pessoas.


Sempre que entra novembro e aquelas luzinhas piscantes e vitrines vermelhas começam a aparecer na minha frente, tenho arrepios. “Aff, tudo de novo!”. E, claro, recebo críticas de todo lado: “Você não entra no clima, olha que lindo!”, “Puxa, Giovana, é Natal, não importa o que os outros fazem, pense no seu Natal!”.

Não dá. Não consigo ficar feliz ou entrar num clima de Natal somente meu, se o trânsito fica impossível, se para andar nas ruas é preciso esbarrar em outras pessoas, se não posso estacionar, entrar nos shoppings sossegadamente, ir a um supermercado sem enfrentar filas enormes. Não dá para entrar no tal clima, quando sei de acidentes que ocorrem por conta de motoristas alcoolizados (porque é Nataaaal!!), não consigo aceitar que Natal seja comilança desenfreada e bebedeira sem fim.

Esta sou eu. A chata, pode falar.

Curto a festa em família, como, bebo, brindo, mas ainda preciso daqueles minutos de silêncio. Gosto de me juntar às pessoas que amo, mas preferiria que isso não fosse uma obrigação, porque é Natal.


Pelo menos este ano decidi tentar fazer algo mais: tenho uma árvore com bolas coloridas e luzes piscando no jardim. Estou em busca do meu Natal. Espero encontrá-lo. Ou que ele me encontre.


Imagem: corbisimages.com

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