Ar... Er...
Luzes dos postes, flores em bosques, e os olhos paravam, o frio dos que amavam
Cenas eternas, amantes da terra, compaixão de irmãos, fé de anciãos
Um homem que pára, uma criança que brinca iludida enquanto a mãe sorri aturdida
O velho, o novo, médio ano, ano passado, faço sem temer o pecado
Ela esbraveja, se irrita, morte iludida, vida vivida, a fome lhe trás comida
Pássaros a cantar na janela, maresia refresca, oceano em festa, a mentira não presta
Passa despercebida, machuca, idolatra, o cão a ladrar, não corra, comece a andar
Frutos estão a cair, morros a subir, prateleiras, esteiras, doces e besteiras
Ela dançava, mexia, alegres e reluzentes, decentes, amantes não mais recentes
Olhamos o vazio da consciência, demência, pensasse, pesasse, aquém nunca amasse
Não sofra, escorra, aos dedos, a esmola, escola, que vivas, d'alma que esboça
Desenha, rabisca, traceja, e insista, em prosa, da nossa, nenhuma que possa
Abacelável, minúscula, formidável, formiga, antiga e notável
Carrega, ao peso, sobrepeso, de tudo, igual ao nosso nada, que mata
Compare, observe, conserve, na epiderme, a febre, do que lhe serve
Sorrir, cumprir, suprir, ressarcir, ao dormir, sem nunca acordar, ao desistir
Tenhamos, vivamos, do vinho a vinha, sonhamos, sozinha, aos segredos, cozinha
Abra, descubra, encubra, ao cubo, as notas, em mesas, incisos, aos risos
Seja, cresça, obedeça, na sexta, a sesta, frutas, enxutas, digeras, ligeiras em sinaleiras
Ninguém entenderia, amarguraria, amargura, larga, na rua, largura, em fissura
Coração, na canção, calça, perfume, de emoção, comoção, aflição
Dor, não há, cairá, no fim, ao inicio, do precipício, suspiros e artifícios
Recomeço, ironia, heroína de ser, viver, apenas sobreviver, basta querer
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Créditos da imagem:
Achei muito bonito o poema. Tem um ritmo forte e palavras seguem em turbilhão. Virei fã! Um abraço.
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